Maputo, 19 Mar (AIM) – O ministro do Interior, Pascoal Ronda, afirma que a onda de raptos que têm vindo acontecer nos últimos dez anos em Moçambique denota uma forte ligação de negócios lícitos e ilícitos entre empresários do mesmo ramo.
Ronda explica que, actualmente, as autoridades estão a aprofundar os estudos para aferir os contornos por detrás dos sequestros, incluindo seus mandantes, sobretudo nas cidades de Maputo, Matola, Beira (província central de Sofala) e Nampula (província com o mesmo nome no norte do país).
O ministro falava no habitual briefing à imprensa, minutos após o término da 8ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, que teve lugar hoje (19) em Maputo.
“Estamos num mundo de negócios, há negócios ilícitos, há negócios lícitos, por vezes, há cobranças entre os que estiveram num negócio juntos e que, à partida, [a forma] do resultado [do negócio] não foi a mais correcta; nós estamos a estudar, com base na inteligência criminal o porquê estas pessoas [são sequestradas] e não aquelas outras”, afirmou.
Dentro de dias, as autoridades poderão apresentar os mandantes dos raptos.
Os sequestradores, ora detidos pela Polícia moçambicana, durante as audições, de acordo com o governante, têm confessado a participação de mandantes estrangeiros e o local em que se encontram com os mandantes.
Por isso, há um trabalho que está a ser feito minuciosamente uma perícia para a Polícia da República de Moçambique (PRM) chegar aos mandantes dos raptos em Moçambique.
“Esses indivíduos não estão parados; eles acompanham toda a informação inclusive esta conferência (de imprensa) que estamos a fazer, portanto, ficam sempre preocupados em se esconder”, vincou.
Garantiu que os mandantes dos crimes serão detidos, porque “não há crime perfeito”.
O ministro reconhece que os raptos tendem a atingir empresários de origem asiática, facto que, segundo ele, está no mesmo pacote de pesquisa mas não revela a possibilidade dos negócios serem ilícitos.
Dos nove casos, sete foram esclarecidos e as vítimas devolvidas ao convívio familiar, incluídas três resgatadas dos cativeiros.
Em conexão com os casos, as autoridades detiveram 42 indivíduos, dos quais três sul-africanos e os restante moçambicanos.
A PRM também apreendeu quatro pistolas e igual número de viaturas, 26 munições, seis telemóveis e desmantelou dois cativeiros.
Desde Janeiro de 2024, as autoridades registaram quatro casos de raptos, sendo três consumados e um frustrado, e detiveram seis indivíduos, tendo apreendido uma pistola.
(AIM)
Ac/sg