Lisboa, 16 Mai (AIM)- Graça Machel, viúva de Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, exortou esta quarta-feira os líderes religiosos de todo o mundo a garantirem condições para que “as mulheres se sentem nas principais mesas de negociação” e “contribuam plenamente para a resolução de conflitos” e “construção” dos estados.
Graça Machel, igualmente viúva do líder histórico sul-africano, Nelson Mandela, falava num discurso proferido no Primeiro Fórum KAICIID para o Diálogo, que decorreu esta quarta-feira em Lisboa, e reuniu vários altos líderes religiosos e políticos mundiais, assim como organizações internacionais e da sociedade civil.
“Exorto-vos a todos a encontrar formas significativas de garantir que as mulheres se sentam nas principais mesas de negociação e de tomada de decisões – nas suas diversas capacidades como especialistas, líderes da sociedade civil, guardiãs da religião, académicas, advogadas, defensoras dos direitos humanos, mães e irmãs”, afirmou, citada por vários órgãos de informação.
Machel deu vários exemplos do papel das mulheres na mediação de conflitos, alguns dos quais em que participou directamente, nomeadamente na Libéria, no Burundi e no Quénia, para sublinhar que “as mulheres – que carregam o maior peso do sofrimento e as feridas mais dolorosas das vitimas dos conflitos – têm perspectivas e aspirações que são absolutamente cruciais para a resolução duradoura dos conflitos e para a construção efectiva das nações”.
“Temos de criar espaço para ouvir e respeitar as diferentes vozes, as diversas entoações e as múltiplas oitavas de perspectivas das mulheres, se alguma vez quisermos desfrutar dos acordes harmoniosos e duradouros da paz”, acrescentou.
A “dor” das mulheres dá “forma” às suas “perspectivas únicas, sobre as quais podem assentar as bases para uma paz sustentável e para a construção dos estados”, disse ainda.
“Apesar das provas esmagadoras que demonstram que a participação das mulheres na resolução de conflitos é fundamental para acabar com a violência, e apesar dos quase 25 anos da adopção da Resolução 1325 das Nações Unidas, as mulheres continuam a ser uma minoria nas mesas de negociação a nível mundial”, sublinhou.
“Precisamos urgentemente de nos afastar deste paradigma de exclusão e desconsideração para um paradigma de inclusão e respeito”, acrescentou.
Graça Machel sustentou que os actuais modelos de resolução de conflitos “estão ultrapassados” e defendeu a necessidade de “um novo modelo” em que se deixe de “permitir que as facções beligerantes que iniciam o conflito sejam os únicos decisores na sua resolução”.
(AIM)
DM