Domingos Mossela, da AIM, em Lisboa
Lisboa, 01 Jul (AIM) – Moçambique já felicitou Portugal pela indigitação de António Costa, ex-primeiro-ministro português, como presidente do Conselho Europeu, cargo que assumirá a 1 de Dezembro próximo.
Familiar do falecido veterano da luta de libertação contra o colonialismo português em Moçambique, Sérgio Vieira, António Costa é de origem goesa católica do lado paterno, sendo filho do publicitário e escritor, também militante destacado do Partido Comunista, Orlando da Costa.
A felicitação foi transmitida pelo Secretário-Geral interino da Frelimo e candidato à Presidência da República nas eleições gerais de Outubro próximo em Moçambique, Daniel Chapo, nos contactos que manteve em Portugal, durante a sua visita de trabalho de 28 a 30 de Junho corrente, no quadro do fortalecimento das tradicionais e históricas relações de “amizade e cooperação” existentes entre a Frelimo, o PSD (Partido Social-Democrata), actualmente integrado na Aliança Democrática (AD), no poder, e o Partido Socialista (PS), o principal da oposição.
Além dos contactos com os dois partidos, Daniel Chapo e delegação que o acompanhava jantaram com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.
“Os portugueses estão de parabéns”(pela eleição de Costa para Conselho Europeu), cargo importante também para Moçambique desenvolver o seu lóbi (do inglês lobby) na União Europeia, à semelhança do que acontece na ONU, onde está o outro português, António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, para iniciativas de desenvolvimento de Moçambique, sublinhou Chapo, no encontro com membros e simpatizantes da Frelimo em Lisboa, na passada sexta-feira (28 de Junho).
Segundo analistas, Costa é o “construtor de pontes criativo” que a União Europeia precisa.
Em Lisboa, Daniel Chapo não foi recebido pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, nem manteve encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, por razões de agenda. Os dois governantes encontravam-se em Bruxelas, Bélgica, na Cimeira onde António Costa foi indigitado presidente do Conselho Europeu.
Portugueses eufóricos com a confirmação de Costa para o Conselho Europeu
Esta segunda-feira, Luís Montenegro desejou a Costa, “em nome dos portugueses, muito sucesso, felicidades e bom trabalho” no Conselho Europeu
O primeiro-ministro desejou as maiores felicidades ao seu antecessor, agora que António Costa já está indigitado como presidente do Conselho Europeu.
Numa conferência de imprensa a partir de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro onde os dois almoçaram após a conferência de imprensa, Luís Montenegro quis desejar sucesso a António Costa, a quem disse ser um “gosto” receber.
“Ter a oportunidade, em nome do Governo, e creio que não é abusivo dizer em nome de Portugal e dos portugueses, a oportunidade de desejar muito sucesso, muitas felicidades, bom trabalho, uma vez que a exigência desta função é enorme”, disse, citado pela imprensa lisboeta.
Perante os jornalistas, numa declaração sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, o actual primeiro-ministro realçou que António Costa recebeu “confiança esmagadora” entre os líderes dos 27 Estados-membros para uma função “de elevada exigência”.
“Pela parte do Governo português, a disponibilidade para a colaboração e cooperação será total, sabendo que não é nem mais nem menos do que se espera para os restantes 26 Estados-membros”, acrescentou.
Costa agradece empenho
Depois de ouvir Luís Montenegro dizer que poderá sempre contar com o apoio do Governo de Portugal, António Costa afirmou que sabe bem o “esforço” que o primeiro-ministro fez para “mobilizar o conjunto dos apoios”, nomeadamente no Partido Popular Europeu (PPE).
“É marca de qualidade da nossa democracia”, reiterou o próximo presidente do Conselho Europeu, que espera “honrar a confiança” nele depositada por Portugal.
“Agradeço ao primeiro-ministro [Luís Montenegro] e ao Governo português não só o apoio, como o empenho, para que a eleição tivesse sido possível. Sei bem o esforço que o primeiro-ministro fez para mobilizar o conjunto dos apoios, não só no PPE [Partido Popular Europeu], mas também no Conselho Europeu. Uma marca da qualidade nossa democracia neste ano que celebramos os 50 anos do 25 de Abril”, defendeu o anterior líder do executivo socialista.
“Sei bem que sempre que um português desempenha funções no exterior, quaisquer que elas sejam, é uma forma de valorizar o nosso país. E é isso que quero fazer e poder corresponder”, declarou o ex-primeiro-ministro, citado pela CNN Portugal.
Neste ponto, António Costa afirmou que pretende seguir a atitude dos cidadãos das comunidades emigrantes, ou o exemplo dos responsáveis políticos que no passado ou no presente, exerceram ou exercem funções institucionais.
Na quinta-feira (27 de Junho) à noite, o ex-primeiro-ministro português Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio.
António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do ConselhoEuropeu, e vai suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia.
Primeiro-ministro de Portugal entre Novembro de 2015 e Abril de 2024, António Costa chefiou três governos, o último dos quais (2022/2024) com maioria absoluta do PS no parlamento. Demitiu-se das funções de primeiro-ministro em 07 de Novembro de 2023, depois de a Procuradoria-Geral da República, através de um comunicado, ter referido que estava a ser investigado no âmbito da chamada Operação Influencer.
Em 24 de Maio passado, o ex-primeiro-ministro socialista, a seu pedido, foi ouvido pelo Ministério Público no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), sem que tenha sido constituído arguido no processo.
No Conselho Europeu de quinta-feira, os líderes dos 27 Estados-membros propuseram também a alemã Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Ambas terão de sujeitar-se à votação no Parlamento Europeu.
(AIM)
DM