
Joaquim Chissano antigo Presidente da Republica . Foto de Ferhat Momade
Maputo, 17 Jul (AIM) – O antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, disse esta quarta-feira (17), em Maputo, que o antigo Presidente do Conselho Constitucional, Rui Baltazar, foi uma incontornável no país.
Segundo Chissano, Rui Baltazar foi combatente da luta pela liberdade moçambicana, professor, advogado, magistrado, um dos estudantes mais distinguidos na Faculdade de Direito Universidade de Coimbra, em Portugal, onde veio a ganhar o acesso ao curso complementar de ciências políticas e económica, formação pós-graduação.
Terminado os estudos, regressou ao país e em pouco tempo tornou-se uma pessoa conhecida devido ao rigor étnico, competência forense e da sua postura política pela oposição ao regime fascista colonial português
“Em nome de todos amigos e camaradas, colegas de trabalho, da minha família e eu próprio, partilhámos convosco essa dor e estamos aqui para exprimir a nossa solidariedade e darmos coragem, para cedo voltarmos a vida normal, devemos viver com alegria que o Rui sempre nos desejou até ao dia que chegar a nossa vez de partir “, disse Chissano.
O antigo estadista moçambicano disse ter ouvido falar de Rui Baltazar nos primeiros julgamentos políticos, com repercussão mediática, nas vésperas do desencadeamento da luta de libertação nacional, quando a PIDE prendeu a direcção da quarta região, e Rui Baltazar era o advogado que saÍa em defesa dos direitos dos militantes nacionalistas.
Ele era o inimigo dos abusos, injustiças e crimes que o regime colonial praticava contra os moçambicanos.
Chissano disse ter trabalhado durante muitos anos com Rui Baltazar em circunstâncias adversas, nas redes de trabalho clandestino da Frelimo, mesmo sem ter contacto directo. O malogrado também foi um dos mais seguros elos destas redes onde havia patriotas que caiam nas redes da PIDE.
Revelou que após o 25 de Abril de 1974 em Portugal, no quadro da estratégia da Frelimo de desmantelamento da cortina de mentiras buscando esclarecimento e mobilização patriótica, de sectores da população até a altura distante da população, o antigo Presidente do Conselho Constitucional foi um dos animadores de uma organização não partidária e publicamente apoiante da Frelimo, os democratas de Moçambique e assumiu a direcção da revista tempo.
“Era preciso naqueles meses combater a propaganda racista e fascista que queria eliminar a maioria dos colonos e lutar contra as manobras neocoloniais “, disse.
Disse ainda que hoje pouca gente sabe que Rui Baltazar se evidenciou como homem de cultura quando Moçambique era ainda um país ocupado e a construção de uma personalidade nacional era o resultado das corajosas lutas individuais.
“Podemos dizer que também o Rui Baltazar que encontrou formas de lutar, incentivando a criação artística que abria novos espaços de liberdade, ele acreditava que o combate contra o racismo, a civilização sócia económica e alienação cultural promovido pelo colonialismo passava igualmente pela difusão e democratização da cultura “, disse antigo estadista.
A mensagem da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), onde o malogrado foi Reitor descreveu as qualidades de Rui Baltazar.
A semelhança da UEM, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), através do advogado Filipe Sitoe, em representação do Bastonário, endereçou uma mensagem reconhecendo as suas qualidades do antigo professor, presidente do Conselho Constitucional.
(AIM)
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