
Mulheres militares
Maputo, 15 Ago (AIM) – Cerca de 52% de mulheres deslocadas, desde o início dos conflitos no norte do país, enfrentam situações de violência de género, abuso, exploração e, por isso, necessitam de apoio e inclusão para o alcance da paz e segurança em Moçambique.
“Essas mulheres necessitam não apenas de assistência humanitária imediata, mas também de políticas de protecção e apoio psicológico que possam ajudá-las a reconstruir as suas vidas”, disse a presidente do Conselho de Direcção do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), Laila Chemane, durante a Conferência Nacional das Mulheres, Paz e Segurança, um evento que teve lugar nesta quinta-feira (15), em Maputo.
Para o efeito, o governo tem um papel central na criação de políticas que protejam e promovam os direitos das mulheres em situações de conflito.
“É neste contexto que, o governo, está neste preciso momento a trabalhar no sentido de reajustar o Plano Nacional sobre Mulheres, Paz e Segurança, adoptado e implementado em 2019, às novas necessidades, ao novo contexto, aos progressos alcançados e aos desafios futuros”, garantiu a representante do Ministério do Género, Criança e Acção social (MGCAS), Geraldina Juma.
Explicou ainda que, as leis só serão eficazes se considerarem profundamente as experiências de violência, de injustiça e exclusão vividas pelas mulheres. E isso se aplica a todas as mulheres e raparigas no mundo, deslocadas internamente, bem como mulheres com deficiência e mulheres idosas”.
Por seu turno, a representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC), Ilda Raivoso, destacou a adopção do Plano como instrumento de combate à vitimização das mulheres em situação de conflito, marginalização e exclusão em questões de construção da paz.
Sublinhou que as mulheres continuam a ser, até hoje, um dos grupos da sociedade mais afectados pelos conflitos armados, no mundo e África em particular.
“Os seus direitos continuam a ser gravemente violados com o uso da violência sexual, o acesso negado à educação, à escola e aos meios de subsistência económica da mulher e da rapariga”, acrescentou.
Como consequência, a maior parte dos refugiados deslocados dos conflitos armados é constituída por mulheres, raparigas, crianças, bem como pessoas com deficiência e idosos.
Por isso, considera importante colocar a mulher no centro da decisão, na planificação das estratégias do combate ao terrorismo, do combate aos males da sociedade, para que realmente haja desenvolvimento e que elas possam se sentir parte desse processo.
Já a representante da coordenadora residente das Nações Unidas, Ondina da Barca, congratulou o governo moçambicano pelo avanço na implementação do Acordo de Maputo, de Paz e Reconciliação Nacional que na semana passada completou cinco anos.
Entende que Moçambique registou progressos na participação e envolvimento pleno, igual e significativo das mulheres nos esforços para alcançar e sustentar a paz, pois ela requer um comprometimento individual quanto uma acção colectiva, principalmente para a prevenção de conflitos.
Segundo da Barca, a contribuição das mulheres moçambicanas para a paz e segurança sempre esteve presente ao longo da sua história, desde a luta pela independência até ao presente momento, sendo ela respeitada e apreciada.
O evento tinha como objectivo promover a conciliação e implementação efectiva dos compromissos da Agenda Mulher, Paz e Segurança, identificando desafios e compartilhando boas práticas que possam acelerar a implementação desta Agenda em Moçambique.
A conferência foi organizada pelo Instituto para Democracia Multipartidária, em parceria com a Universidade Joaquim Chissano, com apoio do Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em parceria com a Embaixada da Irlanda e o Reino dos Países Baixos.
(AIM)
NL/sg