Nampula, (Moçambique), 23 Ago (AIM) – Os munícipes da cidade de Nampula, a capital da província nortenha do mesmo nome, que esta quinta-feira completou 68 anos de elevação a esta categoria, almejam uma urbe limpa e brilhante.
Em entrevista à AIM por ocasião da data, s munícipes dizem depositar as maiores esperanças e querem ver a sua cidade transformada, depois de nos últimos tempos esta ter estado completamente inundada de lixo, estradas esburacadas, vias de acesso intransitáveis, crescente erosão e, destacadamente, um alto nível de criminalidade, onde pontifica a delinquência juvenil, prostituição infantil, tráfico e consumo de drogas.
Elisabete Armando, é mãe de um pré-adolescente, reside na zona de Muhaivire e quer esquecer o passado.
“Eu espero que o novo presidente do município cumpra as suas promessas eleitorais. Não vale de nada eu olhar para o passado, vamos seguir em frente. Como mãe de um adolescente fico preocupada com as informações que circulam sobre tráfico e consumo de drogas e diz-se que os traficantes têm como alvo as escolas, quer primárias, quer secundárias”, lamentou.
Jacob Bonifácio, veio de um distrito e dedica-se à venda de roupa usada, mas sonha com dias melhores.
“Eu compro na Cavalaria, um mercado informal, roupa usada às quintas-feiras e circulou pela cidade. Tenho alguns clientes fixos, principalmente mulheres, porque homens, basta terem uma calça e duas camisas, não querem mais nada. Mas o meu sonho é outro, quero ter o meu próprio negócio e não andar de um lado para o outro pela cidade. Espero pelas tão anunciadas iniciativas para os jovens empreendedores”, anotou.
O negócio de táxi-mota floresceu na cidade de Nampula de forma espontânea e Omar Abdul é um desses operadores que, diariamente, sai do seu bairro, o conhecido Namicopo, para a sua esquina na zona militar para transportar quem precisa.
“Eu decidi fazer este negócio porque não consegui um emprego formal. Fico o dia todo, tenho muitos clientes, até faço entregas e levo encomendas. Trabalhei para ganhar a confiança dos meus clientes, infelizmente há os que fingem ser moto-taxistas enquanto são ladrões. Então peço ao município para organizar algo que nos faça ter protecção e segurança no nosso trabalho”, apelou.
No meio dos desafios, promessas eleitorais e pedidos constantes dos munícipes, Luís Giquira, o jovem empresário que assume agora os destinos da maior autarquia da zona norte de Moçambique, sem ser muito eloquente, diz apenas que a sua equipa está a trabalhar.
“Estamos muito felizes, sabemos que são 68 anos com muitos desafios, trabalhamos arduamente para devolver o brilho à cidade de Nampula. Temos seis meses de governação, outrora fomos conhecidos como capital do norte e queremos manter esse estatuto”, disse.
Falando a jornalistas na manhã deste 22 de Agosto, após homenagear os Heróis Moçambicanos, na respectiva praça a defronte da Academia Militar Marechal “Samora Moisés Machel”, em pleno coração de Nampula, Giquira contou algumas novidades.
“Recebemos 20 contentores de lixo que serão espalhados pela cidade, zona de cimento e subúrbios, continuamos a limpar toda a cidade. De realçar que estamos a trabalhar na asfaltagem das ruas, no próximo mês iremos inaugurar a estrada de Marrere, não conseguimos cumprir com a data prevista porque houve um problema na importação do alcatrão. Queremos uma cidade limpa e saudável”, explicou Giquira.
Sobre o diferendo que opõe os moto-taxistas ao município, mormente no que respeita ao licenciamento e pagamento de taxas devidas por essa actividade, Giquira limitou-se a afirmar que “vamos fazer um trabalho para regularizar essa situação”.
Na passada terça-feira a Assembleia Municipal, dominada pela Frelimo, realizou a sua sessão extraordinária e Giquira não escondeu o seu contentamento porque diz que todo o pacote levado para a discussão acabou por ser aprovado.
“Foi uma sessão muito produtiva, tivemos os nossos planos de governação aprovados”, vincou.
Apesar de manifestamente satisfeito, o edil pediu maior colaboração dos munícipes na manutenção da cidade.
“Vamos montar casas de banho móveis pela cidade para melhorar a higiene, mas os munícipes devem contribuir mais porque continuam a deitar lixo, mesmo na via pública. Temos também um plano para requalificar o mercado grossista do Waresta para que os comerciantes tenham condições adequadas para a venda dos seus produtos”, concluiu.
A chegada do caminho de ferro, a partir do Lumbo, no litoral costeiro da Ilha de Moçambique, contribuiu para o desenvolvimento da povoação, Nampula, que foi elevada à vila em 19 de Dezembro de 1934 e à cidade a 22 de Agosto de 1956.
A cidade de Nampula é conhecida por muitos nomes, todos elogiosos, que vão desde a Feiticeira do Norte, das Acácias e, finalmente, a capital da região norte de Moçambique.
Actualmente, de acordo com dados oficiais, a cidade de Nampula tem perto de 900 mil habitantes distribuídos em 18 bairros localizados nos seus seis postos administrativos, num intenso movimento de pessoas e bens.
A temperaturas médias anuais variam entre 24 e 34 graus centígrados e no Verão o sol escaldante abate-se, sem piedade, sobre os seus habitantes.
A história reza que o nome da cidade vem do régulo N’wamphula, cuja linhagem mantém-se e, hoje, está entre as personalidades locais mais influentes.
A catedral da Igreja Católica de Nampula, situada na zona alta, um edifício com duas torres, uma delas ostentando um relógio e uma cúpula maciça, destacam-se no desenho arquitectónico a que se junta o único Museu de Etnologia de Moçambique.
Nampula também se destaca pela arte e artesanato em pau-preto, um verdadeiro símbolo artístico da cultura macua e, definitivamente, a beleza das suas mulheres, conhecidas como as “muthianas orreras”, que fazem da capulana de cores garridas e o “mussiro” um cartão incontornável das moçambicanas.
Nampula é um município da classe B e actualmente dirigido por Luís Giquira que, pela Frelimo, venceu as últimas autárquicas de 2023.
(AIM)
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