Maputo, 31 Ago (AIM) – O Ministério da Saúde (MISAU) integrou nos últimos cinco anos 9.334 praticantes de medicina tradicional em comités de saúde, humanização e qualidade, e em vários estudos científicos sobre temas de saúde pública.
O facto foi avançado pelo secretário-permanente do MISAU, Ivan Manhiça, hoje no município da Matola, província meridional de Maputo, durante as cerimónias alusivas a passagem de 22º aniversário do Dia da Medicina Tradicional Africana, que se comemora hoje (31), sob o lema “Apoiar o Fornecimento da Medicina Tradicional de Qualidade e Segurança através de Mecanismos Reguladores Apropriados”.
Nos últimos cinco anos, pelo menos 36.498 doentes foram atendidos nas unidades sanitárias públicas com o uso de técnicas de medicina tradicional para diversas enfermidades, incluindo artroses, tromboses, artrites, hérnias discais, desvios posturais, osteoartroses, lombalgias, obesidade e outras.
Relativamente ao sector privado de saúde, o MISAU registou 137 praticantes em áreas como medicina chinesa e energética, Yoga, Ayurveda, bem como em psicologia holística, meditação, metafísica, hidroterapia, fitoterapia e naturopatia.
De acordo com Manhiça, os 137 praticantes prestam serviços em consultórios, casas de cosméticos e de venda de produtos naturais.
Em igual período, o MISAU formou em todas as unidades sanitárias moçambicanas, pelo menos 300 profissionais de saúde, sobretudo em técnicas de fisioterapia e médicos fisiatras, no âmbito das medicinas alternativas e complementares, no qual Manhiça destacou a medicina tradicional chinesa.
“O sector de saúde dá prioridade ao envolvimento dos praticantes de medicina tradicional em acções de promoção de saúde, prevenção de doenças e referência de doentes às unidades sanitárias para diagnóstico e tratamento, bem como ao seguimento de doentes crónicos em coordenação com os profissionais de saúde”, disse o secretário-permanente.
Aliás, desde 2019 até ao momento, os curandeiros referiram pelo menos 953.051 doentes para as unidades sanitárias no país, incluindo 25.938 doentes suspeitos de terem contraído HIV, tuberculose (61.570) e málaria (234.961).
“Com esta colaboração, é visível a melhoria da qualidade e segurança dos serviços prestados pelos praticantes de medicina tradicional e alternativa, bem como nos produtos à base de espécies medicinais e alimentares, expostos para o consumo da população”, afirmou Manhiça.
Acrescentou que alguns produtos usados pelos curandeiros apresentam certificados de qualidade e melhorias na rotulagem, com indicação do uso e efeitos colaterais.
Disse que os desafios persistem e incluem a investigação científica, registo de produtos e marcas, e valorização do conhecimento tradicional, bem como na protecção e conservação de plantas medicinais.
“Nesta vertente, encorajamos os outros sectores sociais a explorar as oportunidades geradas na cadeia de valores dos produtos da medicina tradicional, para oferecer um serviço de qualidade e contribuir para a geração de renda ao nível das nossas comunidades e unidades industriais”, vincou Manhiça.
Por seu turno, a presidente da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), Cacilda Niquice, reconheceu o espaço que as autoridades sanitárias moçambicanas abrem para a prática da medicina tradicional, apontando para as medidas de biossegurança.
Ganhos como o uso de instrumentos de trabalho, uso da lâmina, luvas, medidas de higiene e saneamento de locais em exercício, e de outros utensílios de trabalho de cura constituem, segundo Cacilda Niquice, formas de ser e estar durante os actos terapêuticos.
“Estas medidas foram adoptadas com o apoio do nosso parceiro, o Ministério de Saúde, que tem promovido capacitações destinadas a salvaguardar a saúde da nossa população moçambicana”, afirmou.
Desde 1977, o SNS integrou e institucionalizou a colaboração entre as medicinas, tradicional e convencional, facto que concorreu para que, em 2004, o governo a aprovar a Política da Medicina Tradicional em Moçambique e sua Estratégia de Implementação.
No entanto, ainda falta por aprovar a lei e respectivos regulamentos sobre o exercício da medicina tradicional e alternativa.
(AIM)
Ac /sg