
Chimoio (Moçambique), 23 Set (AIM) – Pelo menos 18 pessoas perderam a vida este ano devido ao conflito homem – fauna bravia na província de Manica, centro de Moçambique.
Outras 19 pessoas contraíram ferimentos graves e ligeiros devido ao mesmo fenómeno.
Algumas vítimas ficaram com deficiência física permanente.
A maior parte das vítimas são crianças atacadas por crocodilos nas margens dos rios.
O facto foi anunciado esta segunda – feira (23) pelo director provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente, em Manica, Rafael Manjate, no habitual espaço Café da Manhã, da Rádio Moçambique (RM), estação radiofónica nacional.
“Muitos casos são ataques por crocodilos nas margens dos rios. Mas também registramos búfalos e elefantes que fizeram vítimas humanas. Recentemente registramos ataques em Macossa e Tambara onde, dada a sua perigosidade, os animais foram abatidos”, explicou Manjate.
“Contamos com o apoio da Polícia da República de Moçambique (PRM), e dos fiscais da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) nestas actividades. O abate tem sido uma das medidas, depois de fracassadas todas as tentativas de afugentar os animais com o objectivo de salvaguardar a vida da população”.
Rafael Manjate disse que a acção para minimizar o perigo nas comunidades conta com a colaboração da população que tem recorrido a algumas técnicas locais para afugentar os animais.
“Devido ao fenômeno El Nino, este ano não tivemos chuvas normais e a produção agrícola baixou bastante. Os animais saem dos seus habitats e vão às comunidades para encontrar água e alimentos. Por vezes nas margens dos rios. O homem também vai ao mesmo local. Aí teremos os tais conflitos que, muitas vezes, resultam em perda de vidas humanas”, disse.
Segundo Rafael Manjate, muitos animais saem das coutadas para as comunidades. Parte destes animais estão em parques próximos às áreas residenciais, uma situação que agudiza os conflitos homem – fauna bravia.
“Em algumas comunidades, os animais vêm de coutadas localizadas no país vizinho que é o Zimbabwe. Eles transpõem a fronteira para o território nacional. A população tem os afugentado e neste processo, por vezes temos registadas mortes. Algumas técnicas já não são adequadas e os animais tornam-se agressivos”, alertou.
Rafael Manjate referiu que para evitar o problema, o sector tem dialogado com a população para não desenvolver actividades ou frequentar as zonas baixas ou em locais considerados perigosos devido a presença de animais.
“Outro apelo é que as comunidades não podem fazer queimadas descontroladas para evitar o deslocamento de animais. Se queimamos eles saem a procura de lugar seguro. Isso pode colocar em perigo a própria comunidade. Portanto, vamos conservar a natureza, evitando as queimadas descontroladas”, afirmou.
Pediu maior envolvimento das comunidades nas acções de prevenção do conflito homem – fauna bravia.
Em muitos casos, tal como referiu Rafael Manjate, o fenómeno é causado pelo próprio homem.
Os distritos de Machaze, Mossurize, Sussundenga, Macossa, Báruè, Gondola, Macate e Tambara são os que registaram mais casos de conflito homem- fauna bravia este ano.
(AIM)
NM/mz