
Policia dispersa manifestantes
Maputo, 16 Out (AIM) – A Polícia da República de Moçambique (PRM) travou hoje na cidade de Nampula, capital da província homónima, norte do país, uma manifestação de apoiantes de Venâncio Mondlane, candidato presidencial nas eleições realizadas quarta-feira (09).
Suportado pelo Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) um partido extraparlamentar, Venâncio Mondlane efectua uma visita privada a Nampula.
Venâncio Mondlane desembarcou no Aeroporto Internacional de Nampula, onde a PRM tratou de mobilizar seus agentes para proteger o candidato presidencial suportado pelo PODEMOS.
O director da Ordem e Segurança Pública de Nampula, Gilberto Inguane, explicou que os tumultos surgiram quando, durante a sua trajectória, Venâncio Mondlane decidiu parar em alguns pontos da cidade para, alegadamente, saudar os seus apoiantes, facto que causou aglomeração de pessoas junto de si, perturbando a ordem e segurança pública.
Face a situação e para evitar a alteração da ordem, a PRM foi obrigada a intervir.
“Percebendo que esta situação, que este movimento que ele [Venâncio Mondlane] ia fazendo a saudação, ia movimentando massas e a dada altura começou a perturbar a normal circulação de pessoas e bens, começou a criar embaraços na via, e abordamos a comitiva que o acompanhava em duas viaturas no sentido de seguir o itinerário que a Polícia definiu”, diz Inguane, citado pela Rádio Moçambique.
De seguida, Inguane afirma que Venâncio Mondlane concordou em seguir a trajectória traçada pelas autoridades policiais.
“Sucede que quando foi avançando com a marcha, quero acreditar que se emocionou vendo a avalanche de pessoas que o seguiam, decidiu que podia seguir por uma rota contrária da indicada. A Polícia orientou para que não fosse aquela rota, que, aliás, levava até a Academia Militar. A partir daquele instante, orientou para que a população confrontasse a polícia”.
A corporação confirma que os apoiantes de Venâncio Mondlane arremessaram pedras e objectos contundentes contra seus membros, facto que saldou em quatro cidadãos detidos.
“Alguns recorreram ao arremesso de pedras, a Polícia foi obrigada a usar métodos de dispersão e, a partir daquele instante, a mesma seguiu a via que indicamos, mas arrastou as massas para o bairro chamado Matadouro; e lá naquele bairro novamente incitou a violência”, disse.
O mesmo cenário repetiu-se no Matadouro, onde manifestantes e apoiantes do candidato presidencial, segundo Inguane, atiraram pedras contra agentes da PRM e queimaram pneus nas vias de acesso.
“A Polícia teve que intervir para poder controlar a situação”, disse o director de Ordem e Segurança Pública de Nampula, que assegurou que instituições públicas e privadas continuam a funcionar na normalidade, bem como a livre circulação de pessoas e bens.
A Polícia diz estar na posse de informações segundo as quais Venâncio Mondlane orientou a população para recorrer ao uso da gasolina e garrafas de plástico para fabrico de pequenos explosivos caseiros, como forma de atacar os agentes da Polícia e outras instituições.
“Apelamos novamente para que os políticos não incitem a violência; não usem a população para alcançarem fins que a população desconhece, não usem a população para destruir bens”, advertiu Inguane.
Vale lembrar que, na terça-feira (15), a Procuradoria-Geral da República (PGR) notificou, pela segunda vez, Venâncio Mondlane, por práticas que violam a Lei-Fundamental, legislação eleitoral e demais normas em vigor no país.
A PGR explica, em comunicado que, a intimação resulta da reiterada onda de agitação social, desobediência pública, desrespeito aos órgãos do Estado, incitação à violência e desinformação perpetrada por Venâncio Mondlane nos comícios, redes sociais e demais plataformas digitais.
Adverte que a violação de normas éticas do processo eleitoral, quando consubstancie o apelo à desordem ou à insurreição ou incitamento ao ódio, racismo, violência, guerra, são punidos com pena de dois a oito anos de prisão.
Enquanto candidato que aspira ao cargo de Presidente da República, com o dever de garantir o cumprimento da Constituição, Mondlane adopta uma postura totalmente contrária, quando deveria inspirar nos cidadãos a ideia de contenção e respeito pelas instituições do Estado legalmente instituídas.
A PGR acusa ainda Venâncio Mondlane de se autoproclamar vencedor e divulgar informações não confirmadas.
Venâncio Mondlane tem como adversários Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder, Ossufo Momade, da Renamo, o maior partido da oposição, e Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Dos resultados provinciais já apurados e divulgados recentemente pelas Comissões de Eleições das 10 províncias, incluindo a cidade de Maputo, Chapo assume a primeira posição, segundo os votos obtidos na urna, seguido por Venâncio Mondlane. Momade segue em terceiro e em quarto Simango.
As eleições presidenciais coincidiram com as VII legislativas e IV para as assembleias provinciais e de governador de província.
(AIM)
Ac/sg