
Ambiente tranquilo na cidade de Chimoio
Chimoio (Moçambique) 21 Out (AIM) – Na cidade de Chimoio, capital da província de Manica, centro de Moçambique, as actividades decorrem normalmente e com alguns cidadãos a desencorajar a participação da população na manifestação convocada para esta segunda-feira (21), pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, para repudiar os resultados das eleições gerais realizadas no dia 09 de Outubro, no país.
Venâncio Mondlane, que concorreu a presidente da República, suportado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), convidou os moçambicanos para uma greve nacional para, alegadamente, exigir justiça eleitoral.
Todavia, este acto acontece numa altura em que ainda não foram anunciados, no país, os resultados oficiais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Neste momento, os resultados conhecidos são apenas de nível provincial (intermédios) que dão vantagem a Frelimo, partido no poder, e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Os moçambicanos aguardam pela comunicação oficial dos resultados através dos órgãos eleitorais, um acto que poderá acontecer num prazo de 15 dias depois da realização da votação, conforme manda a lei.
Mesmo assim, Venâncio Mondlane já veio a público convocar uma greve para reclamar os resultados, uma medida que é considerada, pelos oragos de administração como sendo muito precipitada.
Desde o princípio da semana passada, Venâncio Mondlane tem recorrido à imprensa, redes sociais e outros meios de comunicação em massa para chamar os moçambicanos a paralisarem todas as actividades no país e saírem à rua para pedir justiça eleitoral.
Mário Fazenda, por exemplo, residente no bairro Centro Hípico, em Chimoio, há mais de 15 anos não recomenda qualquer tipo de manifestação por não ser a melhor via para reivindicar os resultados da votação anunciados pelos órgãos eleitorais a nível provincial.
Disse que os moçambicanos devem esperar tranquilamente pelo anúncio dos resultados. As pessoas não deveriam participar em manifestações porque existem instituições legais onde qualquer cidadão pode impugnar os resultados, achando-se injustiçados sem, no entanto, recorrer a greves ou qualquer outro tipo de violência.
“O país precisa dos moçambicanos. Não podemos aderir a manifestação porque este país precisa de nós. Vamos construir o nosso país. A greve destrói e coloca em risco a vida das pessoas. A melhor forma é ficarmos calmos e esperar que os resultados sejam oficialmente divulgados”, referiu Mário Fazenda.
“Havendo qualquer reclamação existem os órgãos responsáveis onde podemos submeter as nossas reclamações”.
Afirmou que está na via pública porque vai ao seu local de trabalho e acrescenta.
“Decidi ir trabalhar porque não poderia ficar em casa e comprometer a minha actividade e produção no meu local de trabalho”.
Outra cidadã é Rosa Mariano que também desencoraja a participação dos moçambicanos, principalmente os jovens, em greves.
“É necessário que não haja violência. Vamos ficar calmo e seremos. Não podemos fazer regredir o nosso país. Os moçambicanos devem contribuir para o crescimento do país e não fazer com que regrida. A manifestação pode causar problemas até a pessoas inocentes. Valorizemos a vida humana, porque a greve pode culminar em ferimentos ou até mesmo mortes”, afirmou.
Pediu o espírito de paz e união entre os moçambicanos neste momento em que o país está sob ameaças feitas por aqueles que dizem terem vencido as últimas eleições gerais do passado dia 09 Outubro.
“A melhor forma é ficarmos calmos e esperar que tenhamos os resultados que serão anunciados oficialmente pelos órgãos competentes. Qualquer atitude poderá gerar violência, destruição e mortes. Portanto, o nosso apelo é que cada um faça as suas actividades normais, distanciando-se desta prática”, referiu Rosa Mariano.
Comércio e transporte a meio gás
A manhã desta segunda-feira na ronda que a AIM efectuou por algumas artérias da cidade de Chimoio constatou o movimento de pessoas sem qualquer violência.
As instituições públicas e privadas estão a funcionar em pleno. O atendimento nas instituições públicas decorreu sem nenhuma interrupção e a segurança está reforçada em quase todos os pontos estratégicos da cidade para evitar qualquer tipo de alteração da ordem e segurança pública.
Aliás, o comércio é que funciona a meio gás. No mercado Feira e Josina Machel, localizado no centro da cidade, algumas bancas estavam abertas. Outras, simplesmente fechadas apenas por razões de segurança.
Alguns estabelecimentos comerciais pertencentes a cidadãos nacionais é que fecharam as portas durante todo o dia. A maior parte das que abriram são de cidadãos estrangeiros, embora de forma tímida.
Sulemane Algy é dono de uma loja localizada no cento da cidade que conversou com a AIM e disse ter aberto a sua loja, mas sempre atento a qualquer movimentação que possa perturbar a ordem e segurança pública.
“Cheguei por volta das 08h00 horas porque ainda queria ver como é que seria o movimento nas primeiras horas. Vi que estava tudo calmo e algumas pessoas a circularem então decidi vir abrir a minha loja. Estou aqui a vender uma e outra coisa, mas sempre atento. Se começar qualquer movimentação, serei obrigado a fechar por questões de segurança”, disse o nosso entrevistado.
“O meu apelo é a calma e não a violência porque pode haver destruição de muitas infra-estruturas, danos humanos e materiais. Vamos seguir as recomendações que estão a ser difundidas para um ambiente de paz e unidade”.
Já o transporte de passageiros, nas principais paragens na cidade de Chimoio, também esteve a funcionar em pleno.
No terminal interprovincial e distrital, na zona do mercado Josina Machel, a circulação de viaturas e passageiros era normal.
De Chimoio para a cidade da Beira, por exemplo, até às 12 horas já tinham saído três viaturas com passageiros.
No sentido Chimoio à fronteira de Machipanda, a procura de transporte era considerada boa, tal como apurou a nossa reportagem.
“Vou a Machipanda deixar alguns produtos para o meu familiar que vive no Zimbabwe. Cheguei aqui há uns 25 minutos. O carro está quase cheio e poderá sair dentro de ponto tempo. Isso mostra que, apesar da greve, algumas pessoas decidiram seguir com as suas actividades normalmente. A vida não pode parar porque é do trabalho que vivemos”, sublinhou Nelito José, um dos passageiros no terminal provincial, em Chimoio.
Na cidade Chimoio, algumas escolas não houve aulas por falta de alunos.
As escolas privadas simplesmente não abriram os seus portões, enquanto alguns estabelecimentos públicos leccionaram, com poucos alunos.
(AIM)
Nestor Magado (NM) /sg