
Nyusi recebe saudação da Provedoria da Justiça
Maputo, 23 Out (AIM) – O Presidente da República, Filipe Nyusi, apela aos moçambicanos para que mantenham a calma e aguardarem serenamente pelo desfecho do processo eleitoral e anúncio dos resultados oficiais pelos órgãos competentes.
Nyusi lançou o apelo na manhã desta quarta-feira (23) durante a saudação da Provedoria da Justiça ao Presidente da República, um acto que teve lugar hoje em Maputo.
Também apela aos moçambicanos para não aderirem a manifestações ilegais convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane para quinta e sexta-feira da semana corrente para, alegadamente, contestar os resultados eleitorais, que nem sequer ainda foram anunciados.
Por isso, disse aos cidadãos para desempenharem normalmente as suas actividades diárias com vista ao desenvolvimento do país.
“Quero usar esta oportunidade para apelar ao povo moçambicano para aguardar serenamente pelo desfecho do processo eleitoral e a desempenhar as suas actividades diárias com vista ao desenvolvimento do país. Vamos todos virar a página para construir um futuro melhor para as novas gerações”, apelou.
“Inquieta aos moçambicanos a facto de haver instigação para que o país volte as manifestações nos próximos dias 24 e 25 de Outubro, para alegadamente, reivindicar um processo eleitoral que ainda não teve o seu desfecho nas instituições apropriadas. Estou a receber chamadas de empresários, de dirigentes económicos de todo o mundo. Inquieta essa situação. Como é que alguém sabe que perdeu ou ganhou se ainda as coisas não foram ditas? Como que sabe? Qual é a mensagem que estamos a transmitir ao mundo sobre alguma coisa que não foi dita?”, indagou o PR.
O Chefe do Estado diz não perceber qual é o receio de aguardar pelos resultados oficiais. Por isso, não descarta a possibilidade motivações nacionais ou mesmo internacionais para criar perturbações, através de protestos legais.
Nyusi entende que as pessoas possam demonstrar descontentamento, respeitando a lei, como um direito, mas não alinha com a forma como se tenta desacreditar as próprias instituições e hipotecar os resultados eleitorais através do uso indevido das redes sociais e incitar as pessoas, e em particular uma população jovem à revolta, com base em informações incompletas.
“Desinformar o mundo, mentir para o mundo que há isso e criar o caos para fins políticos que podem considerar-se como actos criminosos. Muitas pessoas estão agora a falar para os seus patrões que não foram trabalhar, não porque estavam metidos na manifestação, mas porque temem ser atacadas”, disse.
Na ocasião, o Presidente da República, teceu comentários sobre os contornos da actuação da polícia durante as manifestações da última segunda-feira, 21, esclarecendo que, as mesmas registaram focos de perturbação da ordem pública, o que forçou a polícia a recorrer aos meios de dispersão de massas para repor a ordem.
Na sua comunicação, Nyusi partilhou que as manifestações foram caracterizadas por bloqueios das vias, queima de pneus na via pública, incluindo na Estrada Nacional Nº 1, vandalização de infra-estruturas, arremesso de pedras e outros objectos contundentes contra agentes de autoridade.
O estadista moçambicano reconhece que os moçambicanos têm direito à manifestação e à liberdade de expressão, resultantes da lei, mas ressalva que estes direitos devem ser realizados em obediência a leis e procedimentos vigentes no país, tal como sucesso em outros quadrantes, elemento que faltou nas últimas manifestações.
“A PRM foi obrigada a recorrer ao uso de meios de controle de massas, não estou a por em questão aqui como foram usados, mas foram usados. Os confrontos causaram ferimentos em alguns membros da polícia e mais de uma dezena de cidadãos que foram socorridos nas unidades sanitárias”, referiu
Reconheceu que, no decurso das manifestações, alguns jornalistas que considera parceiros da comunicação social foram atingidos quando estavam a cumpriam o seu dever de informar e comunicar os moçambicanos sobre o desenrolar das manifestantes.
“E nós lamentamos este facto profundamente”, retratou-se o PR.
Chamou atenção aos candidatos presidenciais, lembrando a sua responsabilidade como líderes políticos que pretendem dirigir o país, no sentido de assumirem uma conduta exemplar.
“Temos que dar exemplo, dirigir pelo exemplo, temos que saber como é que as coisas vão acontecer”, vincou Nyusi, numa clara alusão a Venâncio Mondlane, candidato presidencial de convocou as manifestações em causa.
O chefe do executivo também reagiu ao duplo assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, tendo exigido as autoridades competentes, para com celeridade esclarecerem o crime em defesa e em honra do estado de direito.
“A rápida investigação, clarificação e responsabilização dos autores deste acto é do inteiro interesse do Estado e dos moçambicanos. O seu esclarecimento irá permitir que não haja especulações sobre várias correntes de autoria do assassinato, para tal apelarmos colaboração de cada um de nós”, apelou.
Exortou igualmente, para que não se faça de uma tragédia que foi o assassinato bárbaro de dois cidadãos, situação repudiada por todos os moçambicanos, como um rastilho para infringir mais sofrimento a outros compatriotas que poderão ver limitada a sua busca diária e incessante do seu sustento.
(AIM)
PC/sg