Chimoio (Moçambique) 31 Out (AIM – A cidade de Chimoio, capital da província central de Manica, em Moçambique, esteve calma e ordeira nesta quinta-feira (31), primeiro dia de sete manifestações ilegais convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, que repudia os resultados eleitorais de 09 de Outubro em curso, que conferem vitória da Frelimo e o seu candidato presidencial Daniel Chapo.
Venâncio Mondlane exige que seja proclamado vencedor por se considerar o candidato mais votado nas VII eleições presidenciais havidas em Moçambique. A sua candidatura é suportada pelo partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS).
Mondlane tem estado, nos últimos dias, a convocar uma série de manifestações populares para reivindicar a sua vitória.
Na última terça-feira (29), anunciou aquilo que considera de terceira fase das manifestações que iniciaram hoje e terão a duração de sete dias, em todo o território nacional.
Durante este período, segundo Venâncio Mondlane, todas as actividades no sector público e privado deverão ser paralisadas como forma de protestar contra os resultados anunciados pelos órgãos de administração de eleições.
Os resultados das eleições gerais já foram comunicados oficialmente pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas ainda carecem da validação e promulgação do Conselho Constitucional (CC).
No entanto, nesta quinta-feira, embora debaixo de chuva torrencial que fustigou a cidade de Chimoio durante a madrugada e as primeiras horas da manhã, o movimento de pessoas era considerado normal.
Alguns estabelecimentos comerciais abriram as portas, incluindo as instituições públicas.
No mercado 25 de Junho, um dos maiores centros comerciais da cidade de Chimoio, muitos vendedores decidiram não abrir as suas bancas por temerem actos de vandalismo.
Por exemplo, na semana funda, as manifestações violentas iniciaram no Mercado Francisco Manyanga, mais conhecido por Mercado 38 Milímetros, onde populares por pouco linchavam um cidadão estrangeiro, proprietário de um estabelecimento comercial, por ter aberto a sua loja.
Elisa Mariano, é vendedora do Mercado 25 de Junho e na sua banca tem tomate e outros produtos de primeira necessidade. Disse que abriu a sua banca para tentar a sorte e ver se consegue algum dinheiro para sustentar a sua família.
“É com coragem que vim para aqui. Cheguei um pouco tarde porque ainda queria ver o ambiente na rua. Vi que algumas pessoas estavam a circular. Quando cheguei também vi que algumas pessoas que vendem comigo estão aqui. Então decidi abrir, mas sempre atenta a qualquer situação que possa colocar em causa a minha vida e prejudicar o meu negócio”, disse Elisa Mariano.
“Não será fácil para mim ficar sete dias (uma semana) sem fazer negócio. Vivo disso e tenho uma família que depende inteiramente de mim. Se eu não vender alguma coisa, não terei como alimentar os meus filhos. Sou pai e mãe ao mesmo tempo. A vida poderá parar se a situação continuar assim com greves e manifestações”.
Outro cidadão que falou a AIM é José Silvano, que também é comerciante no mercado central Josina Machel, mesmo no centro da cidade de Chimoio.
“Abri a minha banca, mas com medo. Não sei o que poderá acontecer nos próximos dias. Mas hoje está tudo calmo. O movimento dos clientes é considerado normal, embora diferente dos outros dias em que as actividades correm sem nenhuma interdição. Acreditamos que nesta terceira fase das manifestações será tudo diferente porque as pessoas estão mais consciencializadas sobre como devem se comportar diante desta situação”, sublinhou José Silvano.
“Vamos evitar violência e saque de bens como aconteceu nas duas manifestações. Se nos comportarmos com civismo estaremos a evitar violência. Aqueles que quiserem aderir às manifestações deve ser de forma pacífica, sem, no entanto, causar um ambiente que possa perturbar a ordem e segurança públicas”.
Zeferino Alberto, também vendedor do Mercado Francisco Manyanga, disse “o meu apelo é no sentido de evitarmos a violência porque apenas retarda o nosso desenvolvimento. Vamos exigir os nossos direitos de forma pacífica e num ambiente de muita paz. Os moçambicanos sempre foram pacíficos e isso não pode ser diferente hoje. Portanto, havendo algum litígio, devemos dialogar e encontrar uma solução sem nos envolvermos em qualquer tipo de violência”.
Na cidade de Chimoio, as escolas públicas funcionaram, embora de forma condicionada. Um pouco por todos os estabelecimentos de ensino era notável a fraca presença dos alunos, mas com o curso das aulas a decorrer normalmente.
A maioria das escolas privadas não abriu as suas portas, uma medida considerada preventiva. Por outro lado, as viaturas de transporte de passageiros circularam sem muitos problemas.
A Polícia da República de Moçambique foi destacada para todos os bairros e locais estratégicos para prevenir e reprimir qualquer perturbação contra a ordem e segurança públicas.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/sg