Maputo, 29 Out (AIM) – Pelo menos 10 pessoas morreram e 63 contraíram ferimentos, incluindo graves e ligeiros, durante as manifestações ocorridas em Moçambique no período compreendido entre 18 e 26 do presente mês, anunciou na tarde de hoje, em Maputo, a Ordem dos Médicos de Moçambique(OrMM) e Associação Médica de Moçambique (AMM).
Os médicos que falavam em conferência de imprensa conjunta manifestaram a sua preocupação com a escalada de violência, pois é notável uma desconsideração pela vida humana.
“Preocupa-nos bastante o facto de em muitas dessas situações [violência] a vida humana estar a ser tratada como algo do segundo, terceiro ou último escalão”, disse o presidente da AMM, Napoleão Viola.
“Achamos que a vida, saúde e dignidade humana devem estar sempre em primeiro lugar, pois são a pedra angular para qualquer actividade em sociedade”, acrescentou.
Já o bastonário da OrMM, Gilberto Manhiça, disse que a violência é condenável por violar os valores humanos.
“Esta situação é de estrema gravidade e condenável a luz dos valores da humanidade e preservação da vida que norteiam o nosso sector da saúde e bem plasmados na Constituição da República de Moçambique”, disse.
Por isso, apela a Polícia da República de Moçambique a cumprir com o dever de garantir a segurança de pessoas e bens com destaque para os manifestantes “pois a pessoa humana deve estar sempre em primeiro lugar”.
Exorta igualmente aos manifestantes para usarem a meios não violentos para expressar a sua insatisfação e que seja adoptado por todos medidas que assegurem a dignidade humana.
A fonte pede ao seu sector o reforço nas unidades sanitárias das áreas de atendimento aos pacientes vítimas de trauma.
“Que os gestores de saúde reforcem a capacidade de atendimento nos sectores dedicados aos pacientes vítimas de trauma e que o diálogo entre as partes prevaleça e se encontre soluções para o diferendo que opõem às partes”, referiu.
“A AMM e OrMM exortam a todos médicos para que se mantenham em prontidão para qualquer caso de violência que decoram das manifestações e não só. Ao governo de Moçambique apelamos para que tudo faça para defender e fazer respeitar a saúde e vida dos moçambicanos”, realçou.
A classe médica, solidariza-se as vítimas da violência suas famílias e instituições e recomenda que o duplo homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe, sirvam de reflexão para o tipo de sociedade que se quer erguer em Moçambique.
(AIM)
CC/sg