Maputo, 01 Nov (AIM) – A capital moçambicana Maputo acolhe, a partir desta sexta-feira (01), a Conferência Internacional Islâmica, um evento de dois dias, que tem por objectivo discutir a evolução do terrorismo no mundo, particularmente na província de Cabo Delgado, região norte.
O orador e porta-voz do evento, Mussa Suefee, afirma que se destacam, entre vários temas, o terrorismo a nível global e Moçambique.
Questionado sobre a possibilidade de diálogo com os terroristas que, desde Outubro de 2017, atacam a população em Cabo Delgado, Suefee explicou que o Conselho Islâmico, agremiação de que faz parte, está disponível para o efeito.
“Nós, como Conselho Islâmico, religiosos no geral, estamos dispostos a ir atrás da paz, encontrar os malfeitores que estão a perpetrar esses males em Cabo Delgado”, referiu Suefee.
Há cinco meses o Conselho Islâmico realizou um encontro similar, que tinha como pano do fundo discutir de forma profunda o assunto terrorismo, olhando especificamente a situação de Cabo Delgado.
A presente conferência integra para religiosos que professam a religião islâmica, académicos e vai abordar a paz, moderação, de forma global e espera-se que futuramente seja criada uma rede da comunidade islâmica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que irá reflectir sobre todos aspectos de terrorismo que afectam Moçambique.
Sobre as últimas manifestações violentas, paralisação da actividade produtiva e distúrbios em curso no país, Suefee referiu que “nós como Conselho Islâmico de Moçambique, não apoiamos a violência, porque a nossa base islâmica é viver em harmonia”.
Acrescentou que a religião muçulmana apela o diálogo e desencoraja que os seus fiéis saiam à rua para manifestar, mesmo contra governantes injustos.
“Também não apoiamos a paralisação das actividades produtivas. Aos muçulmanos envolvidos devem abandonar essa prática, nós não apoiamos a paralisação de actividades porque estão a afectar o povo”, disse.
Já a vereadora da Mulher e Acção Social, Anabela Inguane, falando em nome do edil, informou que a Conferência se propõe a discutir temas como o papel das religiões na CPLP, no mundo em geral e na preservação da paz.
“No nosso país em particular vive-se um clima de instabilidade no norte do país (província de Cabo Delgado), devido aos ataques terroristas “, disse Inguane.
Por isso, pediu aos participantes a orar pela paz e o fim dos ataques terroristas.
Por seu turno, o secretário permanente do Ministério da Justiça Assuntos Constitucionais e Religiosos, Justino Tonela, sublinhou que o governo manifesta o seu orgulho e satisfação pela realização do evento no país.
Sobre as manifestações, disse que é um direito constitucional, mas que as mesmas não devem prejudicar os direitos de terceiros que são fundamentais.
“O que acontece é que está a haver uma manifestação, que está a provocar desordem no país. A sociedade está a receber várias mensagens, nós repisamos que as manifestações devem ser ordeiras e organizadas sem por em causa o direito de propriedade, a saúde, educação e ao trabalho”, referiu Tonela.
Participam no evento membros do corpo diplomático acreditado em Moçambique, países de expressão de língua portuguesa, entre outros convidados.
(AIM)
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