Tete (Moçambique), 08 Nov (AIM) – O governador da província central de Tete, Domingos Viola, diz que as manifestações violentas em Moçambique estão a paralisar a economia da maioria das famílias que dependem do sector informal.
Segundo Viola, estas famílias não têm nada a ver com alegados protestos dos resultados eleitorais.
“Não é novidade que a maior parte da população moçambicana vive do comércio informal que neste momento está paralisado por conta das manifestações violentas”, afirmou.
Viola, que falava à margem da Reunião Nacional, de dois dias, da AQUA (Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental), que decorre até esta sexta-feira (08), em Tete, exigiu o fim da violência nas manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, suportado pelo partido extraparlamentar Podemos, alegadamente para protestar os resultados das eleições gerais de 09 de Outubro do corrente ano.
“É importante que os promotores destes actos terminem com estas acções para que a economia, no geral, e familiar, em particular, se recuperem rapidamente”, sublinhou.
De acordo com Viola, “é preciso notar que esses indivíduos desonestas não estão a manifestar-se contra os resultados eleitorais porque queimar carro de alguém, partir vidro de carro parado na rua, saquear mercearias de privados, obstruir vias, entre outras acções, não tem nenhuma relação com o escrutínio”.
Domingos Viola defendeu que todos os moçambicanos devem ter espírito de cidadania e patriotismo, bem como o respeito pelas instituições.
“Moçambique tem instituições de administração da Justiça, tem leis e regulamentos bastantes sobre matéria eleitoral”, disse, acrescentando que “não faz sentido que pessoas insatisfeitas com os resultados eleitorais recorram à violência em vez de usar os meios que o Estado dispõe para o efeito”.
De acordo com o governador de Tete, a manifestação é um direito constitucional que todos os Moçambicanos têm sempre que não se sentirem satisfeitos com uma determinada acção ou decisão, mas que deve ser feita de forma ordeira e sem violência.
“O país é soberano e de todos nós. Todos nós temos que defendê-lo, e trabalhar para o seu desenvolvimento”, disse, apelidando os mentores das manifestações violentas de pessoas de má fé.
Entretanto, Venâncio Mondlane, que continua em parte incerta, ameaçou esta quinta-feira (07), através da sua página no “Facebook”, que as manifestações continuarão até as autoridades aceitarem “a verdade eleitoral”.
Tudo indicava que quinta-feira (07) seria o último dia da terceira fase das manifestações.
Com efeito, Mondlane convocou uma semana de manifestações a partir de 31 de Outubro a sete de Novembro do ano em curso, dia que esperava juntar cerca de quatro milhões de manifestantes nas ruas da cidade de Maputo, a capital moçambicana.
No entanto, a previsão de Mondlane esteve longe de se concretizar, muito menos a sua promessa de aparecer publicamente e tomar parte da suposta “marcha” que culminaria com a rendição do actual governo, apesar de alguns pontos da cidade de Maputo terem sido palco de confrontos entre membros da polícia moçambicana (PRM) e manifestantes.
Mondlane autoproclamou-se vencedor das eleições presidenciais de Outubro último, que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), foram ganhas pelo candidato presidencial do partido Frelimo, Daniel Chapo.
Os resultados, que colocam a Frelimo a frente das legislativas, e em segundo lugar, o Podemos, ainda carecem de validação pelo Conselho Constitucional (CC).
(AIM)
Valdemar Casimiro (colaboração)/mz