
Maputo, 17 Nov (AIM) – Dezenas de professores manifestaram-se sábado (16) na capital moçambicana, Maputo, trajados de bata, exigindo justiça salarial e o pagamento de 22 meses das horas extraordinárias em atraso, um processo ainda em curso que envolve o governo e a classe de professores.
A Associação Nacional dos Professores de Moçambique (ANAPRO), mentora da marcha, que devia ter começado às 09h00 [hora local] no Jardim dos Professores, no terminal de Chapas, Museu, não chegou a terminar pelo facto de a Polícia moçambicana (PRM) ter impedido o curso.
No local, a PRM deteve cinco membros da ANAPRO, levados de imediato para a 2ª esquadra, em Maputo.
A Polícia deliberou não haver condições para a marcha dos professores, facto que agitou os professores, mas, minutos após fervorosa troca de palavras entre agentes da PRM e os professores, estes acabaram desafiando a rota da marcha que foi até à estátua Eduardo Mondlane, bairro do Alto-Maé, cidade de Maputo.
Falando a jornalistas no local, o presidente da ANAPRO, Isac Marrengula, disse que a Polícia teve uma atitude imprópria para um acto constitucionalmente estabelecido em Moçambique.
“Não esperávamos que fôssemos escorraçados do nosso próprio jardim”, afirmou, sublinhando que “só temos a lamentar a atitude da polícia, que tentou desencorajar esta marcha”.
Marrengula assegurou que, antecipadamente e dentro do prazo de 48 horas, legalmente estabelecidos, a ANAPRO comunicou ao Conselho Municipal de Maputo e à Polícia a nível da cidade de Maputo sobre a realização da marcha.
Este protesto, e um outro dos médicos, há mais de uma semana, surge num contexto de forte agitação social caracterizada por manifestações que muitas vezes acabam em violência.
As manifestações foram convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados do apuramento central anunciados a 24 de Outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ora submetidos ao Conselho Constitucional (CC), o órgão soberano a quem compete administrar a justiça em matérias jurídico-constitucionais e, em última instância, de contencioso eleitoral em Moçambique.
O CC ainda não divulgou os resultados porque está a avaliar as reclamações apresentadas pelos partidos participantes nas eleições.
Na estátua de Eduardo Mondlane, Marrengula afirmou que a ANAPRO vai realizar mais marchas para reivindicar os direitos dos professores, sobretudo o pagamento das horas extraordinárias.
“Nós vamos congelar as notas do 3º trimestre do ano lectivo de 2024 de todos os alunos”, disse.
O ano lectivo corrente está prestes a terminar e, na próxima semana, iniciam os exames.
Mais de 180 mil dos cerca de 480 mil funcionários e agentes do Estado, no país, são professores.
(AIM)
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