
Maputo, 17 Nov (AIM) – A situação em Ressano Garcia, o maior posto fronteiriço entre Moçambique e a África do Sul, está gradualmente a regressar ao normal, depois de três dias de virtual paralisação, quando os manifestantes bloquearam a principal estrada entre os dois países.
O candidato presidencial, Venâncio Mondlane, apoiado pelo Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), um partido extraparlamentar, apelou à realização de manifestações e marchas em todas as capitais das 10 províncias, incluindo a cidade de Maputo, e ao encerramento das fronteiras e portos do país.
Segundo Venâncio Mondlane, que se tem exibido em directo, através da sua página de Facebook, as manifestações deviam ter lugar de quarta a sexta-feira (15), inseridas na fase da quarta e última etapa de protestos contra resultados eleitorais alegadamente fraudulentos.
Em declarações recentes, Venâncio Mondlane considerou que o encerramento da fronteira de Ressano Garcia foi um sucesso retumbante.
Na sua transmissão em directo, o candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS tinha prometido infligir danos à economia moçambicana, e o encerramento de três dias no principal posto fronteiriço privou certamente o Estado de grandes quantidades de receitas fiscais. As perdas exactas ainda não foram calculadas.
Ao contrário das manifestações noutros locais do país, não se registou violência em Ressano Garcia. Os manifestantes formaram uma corrente humana na estrada, enquanto a polícia e os militares preferiram não agir para desobstruir a via.
Vídeos postos a circular nas redes sociais sobre os acontecimentos em Ressano Garcia podiam se notar que as relações entre os manifestantes e as Forças de Defesa e Segurança pareciam amigáveis. Na quinta-feira, o ambiente era festivo com manifestantes a beber cerveja sentadas nas mesas e cadeiras no meio da estrada.
O bloqueio não foi total. Os manifestantes permitiram a passagem de peões e carros para os serviços fúnebres. Outros veículos conseguiram passar no momento em que os manifestantes se retiraram para descansar durante a noite. Mas centenas de camiões, de ambos os lados da fronteira, tiveram simplesmente de esperar até três dias até que o bloqueio fosse levantado.
Após negociações entre as forças de defesa e segurança e os manifestantes, a fronteira foi reaberta às 18h00 de sexta-feira.
Num breve contacto estabelecido este domingo (17) pela AIM, o porta-voz dos Serviços de Migração na província de Maputo, Juca Bata, garantiu estar tudo a funcionar na normalidade e as viaturas, incluindo camiões, a circular tanto de Moçambique para África do Sul e vice-versa.
“Actualmente, a situação está tudo bem. Acabo de confirmar que lá na fronteira está tudo a funcionar bem”, disse Bata.
O posto transfronteiriço não fechou em definitivo porque exigiria um decreto governamental. O que aconteceu foi uma redução do movimento, devido às condições impostas pelos manifestantes.
Durante os três dias de bloqueio, o número de pessoas que atravessam a fronteira caiu para 150-200 por dia, em comparação com mais de 5.000 num dia normal.
Moçambique realizou as eleições gerais a 09 de Outubro passado e os resultados definitivos serão divulgados pelo Conselho Constitucional (CC), o órgão soberano a quem compete administrar a justiça em matérias jurídico-constitucionais e, em última instância, de contencioso eleitoral em Moçambique.
(AIM)
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