
Manifestação Pacífica na Cidade de Maputo, próximo á Praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM). Foto de Carlos Júnior
Maputo, 21 Out (AIM) – Unidades fortemente armadas da Polícia da República de Moçambique (PRM) dispararam granadas de gás lacrimogéneo, na manhã desta-segunda feira (21), para dispersar manifestantes que pretendiam marchar para homenagear dois activistas da oposição que foram assassinados na noite de sexta-feira em Maputo.
As vítimas são Elvino Dias, advogado do candidato presidencial independente Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, o mandatário do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia a candidatura presidencial de Mondlane.
Inicialmente, Venâncio Mondlane convocou uma “greve geral nacional” para protestar contra os contra os resultados das eleições de 09 de Outubro corrente que considera de fraudulentos. Após o assassinato de Dias e Guambe, Venâncio Mondlane decidiu incluir uma marcha pacífica pelas ruas de Maputo, para repudiar os assassínios.
A marcha devia partir às 10h00 do local da Avenida Joaquim Chissano onde Dias e Guambe Chissano, onde Dias e Guambe foram baleados mortalmente.
A polícia mobilizou carros blindados, unidades caninas e até um helicóptero – para repelir os manifestantes.
Quando eram 10h04 a polícia começou a disparar granadas de gás lacrimogéneo. Em poucos minutos, os manifestantes dispersaram-se – e depois tentaram reagrupar-se em ruas secundárias.
Mondlane não estava presente quando este confronto começou. Chegou às 10h50 e disse aos jornalistas que tinha sido impedido de sair de sua casa e, por isso, não conseguiu chegar à Avenida Joaquim Chissano às 10h00.
Mondlane afirmou que a greve foi um grande sucesso, pelo facto de ter conseguido atingir “95 por cento” dos seus objectivos. Explicou que os restantes cinco por cento eram “serviços essenciais”.
Mondlane não chegou a terminar a conferência de imprensa, pelo facto de ter sido interrompida por granadas de gás lacrimogéneo. Há relatos de que uma pessoa e um operador de câmara, contraíram ferimentos neste confronto.
Quanto aos efeitos da greve reivindicada por Mondlane, o centro de Maputo estava certamente calmo na manhã de segunda-feira, com pouco movimento de pessoas e trânsito nas ruas. Muitas instituições decidiram permanecer encerradas, receando que a greve poderia degenerar em violência.
As escolas privadas, por exemplo, enviaram avisos na sexta-feira, dizendo aos seus alunos para não irem às aulas na segunda-feira.
Nas outras grandes cidades, as ruas estavam em grande parte calmas. Segundo a STV, um grupo de jovens incendiou pneus no asfalto de estradas na cidade da Beira, capital da província central de Sofala.
(AIM)
Pf/ sg