
Autocarro em chamas vandalizado
Matola (Moçambique), 25 Dez (AIM) – A cidade da Matola voltou a viver esta quarta-feira um ambiente de tensão, pelo terceiro dia consecutivo, na sequência das manifestações convocadas pelo candidato presidencial suportado pelo PODEMOS, um partido extraparlamentar, Venâncio Mondlane
Desde a validação na segunda-feira, pelo Conselho Constitucional (CC) dos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro passado, que dão vitória à Frelimo, partido no poder, e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, os apoiantes de Venâncio Mondlane intensificaram a violência nas suas manifestações.
No mesmo dia, no Município da Matola, particularmente nos bairros de Tsalala, Malhampswene, Sikwama e Mussumbuluko, posto administrativo da Matola-sede, mesmo dia, os manifestantes vandalizaram e saquearam, pelo menos, três grandes centros comerciais, deixando-os totalmente vazios.
No dia seguinte, terça-feira, a acção dos manifestantes foi mais intensa, votando a arrombar e a saquear muitos outros estabelecimentos comerciais, principalmente os localizados ao longo da Estrada Nacional Número Quatro (EN4) e na Avenida das Indústrias.
Nesta quarta-feira, dia que se celebra o Natal e em que em Moçambique se celebra o Dia da Família, a zona voltou a viver o mesmo ambiente de saques protagonizados, principalmente por jovens e algumas mulheres (donas de casa).
Se no período da manhã parecia ser um dia calmo, já que a maioria dos estabelecimentos haviam sido assaltados no dia anterior, eis que no princípio da tarde mais dois foram arrombados e saqueados.
Numa das lojas localizada na Avenida das Indústrias, os supostos manifestantes roubaram electrodomésticos, roupa e muitos outros bens, como utensílios de cozinha, e, na outra, localizada dentro do mercado de Tsalala, e que se dedica ao comércio geral, saquearam tudo o que nela se encontrava, como calçado, loiça, entre vários bens.
Pelo segundo dia consecutivo o comércio formal e informal está paralisado, mesmo os vendedores ambulantes não se fizeram aos seus locais habituais de actividade.
O mercado local estava às moscas, ninguém quis arriscar a sua vida perante a fúria dos manifestantes.
Uma mulher que possui sua banca no mercado, Júlia Fumo, falou à AIM numa altura que ia visitar a sua banca vazia, para ver se haveria condições para o comércio, mas saiu desesperada, pois nem se sabe quando é que a vida voltará à normalidade.
“Vim ver a minha banca. Desde ontem que não se faz nada. Agora é que a fome vai apertar”, disse Júlia, que se dedica à venda de hortícolas.
Uma outra senhora, que se dedica à confecção e venda de comida no mesmo mercado, que preferiu não revelar a sua identidade, lamentou o que está a acontecer, pois entende que os centros comerciais nada têm a ver com as eleições, muito menos com os políticos.
“Estão a roubar e destruir as lojas, armazéns, empresas, que nem sequer são de governantes. São bens privados. Muitos jovens trabalham nesses sítios que estão a destruir e vão querer emprego, estão a aumentar a fome e o desemprego”, anotou.
(AIM)
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