
Loja vandalizada. Foto arquivo
Matola (Moçambique), 24 Dez (AIM) – As manifestações convocadas pelos apoiantes do candidato presidencial, Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados das eleições gerais de 09 de Outubro último e que dão vitória à Frelimo e o seu candidato, Daniel Chapo, atingiram, esta terça-feira, uma fase crítica para a actividade comercial.
Com efeito, após a validação e proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC), numa sessão solene que teve lugar segunda-feira (23), em Maputo, eclodiram os primeiros focos de vandalização de infra-estruturas públicas e privadas, bem como assaltos e saques a estabelecimentos comerciais.
No Município da Matola, por exemplo, grande parte de supermercados, mercearias, lojas de venda de electrodomésticos, ferragens, entre outros estabelecimentos foram completamente saqueados, numa acção que iniciou na noite de segunda-feira e prosseguiu até ao fim da manhã de hoje.
Nestes locais, os manifestantes levaram tudo o que lá encontraram, até mesmo as cadeiras usadas pelo pessoal em serviço nestes estabelecimentos.
Nos bairros de Tsalala, Malhampswene, Sikwama, Mussumbuluko poucos são os estabelecimentos que escaparam à acção avassaladora dos manifestantes, que nem sequer deram conta aos apelos de Venâncio Mondlane para não vandalização de bens privados.
Munidos de paus, ferros, pedras e outros instrumentos foram arrombando as portas e quebrando montras, passando de loja em loja à medida que iam esvaziando.
Alguns dos produtos roubados nas lojas já começam a ser vendidos na rua a preços muito aquém do real.
Desta vez, a Polícia da República de Moçambique (PRM) optou por não intervir, assistindo passivamente a vandalização de estabelecimentos de cidadãos inocentes.
Num breve contacto que AIM manteve com um cidadão residente em Tsalala, que assistiu uma das operações de saque a um estabelecimento comercial, localizado na Avenida das Indústrias, chegou a aventar a hipótese de um futuro de fome, em que as pessoas não terão onde adquirir os produtos alimentares, mesmo tendo dinheiro.
“Isto é o fim da actividade comercial. Será difícil voltar a termos supermercados, mercearias recheadas. Duvido que venham a retomar as suas actividades com aquela pujança”, lamentou.
Até ao final da tarde os manifestantes continuavam com as suas incursões passando de bairro em bairro à procura de potenciais estabelecimentos para saquear.
(AIM)
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