Lisboa, 02 Jan (AIM)- A Ucrânia deu “um tiro no pé” com o fim da passagem de gás russo pelo território ucraniano para a Europa, que esta quarta-feira (01 de Janeiro) se concretizou, mas que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considera ser “uma das maiores derrotas” de Moscovo.
Ao não renovar o acordo para o trânsito de gás estabelecido entre a Rússia e Ucrânia), que terminou no dia 31 de Dezembro de 2024, Kiev deu “um tiro no pé”, diz o major-general Carlos Branco, que garante que “perdem todos” com a situação, que é “extremamente inconveniente para todos”.
“Perde a Ucrânia, perde a Europa e perde a Rússia”, disse especialista em assuntos militares, analisando a situação na CNN Portugal, acrescentando que agora, toda a Europa vai sofrer.
Volodymyr Zelensky defendeu esta quarta-feira numa publicação nas redes sociais que o fim da passagem de gás russo pelo território ucraniano é “uma das maiores derrotas” de Moscovo.
“Quando [Vladimir] Putin chegou ao poder na Rússia, há mais de 25 anos, o volume anual de gás enviado através da Ucrânia para a Europa era de mais de 130 mil milhões de metros cúbicos; hoje, o volume de gás em trânsito é zero, o que significa uma das maiores derrotas de Moscovo”, escreveu o líder ucraniano.
A mensagem surge no dia em que o contrato de passagem de fornecimento de gás da Gazprom para vários países europeus terminou, como já tinha sido anunciado nas últimas semanas.
“Às 07:00 [locais, mesma hora em Maputo] do dia 01 de Janeiro de 2025, o Acordo de Interacção entre a GTS e a Gazprom para pontos físicos de interligação entre os sistemas de transporte de gás da Ucrânia e da Rússia, datado de 30 de Janeiro, expirou”, explicou o operador, em comunicado.
“Assim, o transporte de gás natural do ponto de entrada de Sudzha, na fronteira leste da Ucrânia, para os pontos de saída nas fronteiras oeste e sul foi encerrado”, adianta o GTS, sublinhando que os parceiros internacionais foram informados.
O contrato de fornecimento de gás era uma fonte de receitas multimilionárias para a Rússia, que permitia à empresa Gazprom exportar para a Áustria, a Hungria, a Eslováquia e a Moldova, mas também significava cerca de 700 milhões de dólares (cerca de 672 milhões de euros) por ano para a Ucrânia.
A decisão foi explicada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa declaração feita em Bruxelas no dia 19 de Novembro, quando afirmou recusar que a Rússia continua “a ganhar milhões” enquanto mantém uma política de agressão ao seu país.
A Rússia garantiu, no entanto, que vai sobreviver ao encerramento da passagem do seu gás pela Ucrânia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Gazprom será capaz de lidar com a perda do trânsito do produto pela Ucrânia, numa conferência de imprensa realizada na terça-feira (31 Dezembro).
“Nós sobreviveremos, a Gazprom sobreviverá”, afirmou, referindo, no entanto, que sempre defendeu a “despolitização das questões económicas” e alertando que o preço dos combustíveis irá aumentar.
Fontes da Comissão Europeia, citadas pelo jornal luso de “Negócios”, garantiram que o impacto desta nova situação “será limitado” no abastecimento da União Europeia, reacção que vários analistas e comentadores duvidam.
Para a Europa, a perda do fornecimento de gás russo barato contribui para uma grande desaceleração económica, um aumento na inflação e um agravamento da crise do custo de vida, mas os países europeus têm sido rápidos a encontrar fontes alternativas de energia.
A Gazprom, que já foi a maior exportadora de gás do mundo, registou um prejuízo de cerca de 6,5 mil milhões de euros em 2023, naquele que foi o seu primeiro ano sem lucros desde 1999, refere o diário de “Negócios”.
(AIM)
DM