
Porta-Voz da RENAMO, Marcial Lourenço Macome, falando na conferência de imprensa. Foto de Carlos Júnior
Maputo, 24 Jan (AIM) – A Renamo, o segundo maior partido da oposição em Moçambique, anunciou que os seus 28 deputados que conseguiram assento na X Legislatura da Assembleia da Republica (AR), o parlamento moçambicano, deverão tomar posse brevemente.
A decisão foi tomada pela Comissão Política Nacional da Renamo, reunida quinta-feira em Maputo.
“Na última sessão a Comissão Política (Nacional) deliberou que os deputados da Renamo possam tomar posse nos próximos dias, de acordo com o ofício que será direccionado à Assembleia da República, para que eles assumam os seus assentos”, anunciou o porta-voz da Renamo, Marcial Macome, em conferência de imprensa havida esta sexta-feira (24), em Maputo.
Os deputados deveriam ter tomado posse na cerimónia de investidura da X Legislatura da AR, que teve lugar a 13 de Janeiro corrente, acto convocado e dirigido pelo ex-Presidente da República, Filipe Nyusi.
Entretanto, os deputados da Renamo decidiram boicotar o evento em solidariedade para com todas as vítimas da violência pós-eleitoral, bem como em protesto contra os resultados das VII eleições gerais de 09 de Outubro último, que consideram de fraudulentos, apesar de terem sido validados e promulgados pelo Conselho Constitucional, o órgão deliberativo, em última instância, em matérias jurídico-constitucionais e de contencioso eleitoral.
“O partido acordou não participar na cerimónia de tomada de posse, em solidariedade (para) com todas as vítimas da violência contra a reivindicação dos resultados eleitorais e o assassinato de pessoas”, afirmou Macome.
Segundo Macome, “não fazia sentido que o partido se fizesse presente numa cerimónia solene enquanto moçambicanos eram assassinados, perseguidos e mortos”.
Vale lembrar que, na cerimónia de investidura dos deputados da X legislatura da AR, estiveram presentes 171 deputados da Frelimo, partido no poder, e 39 do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS). Outros deputados ausentes são do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o terceiro partido da oposição com oito assentos parlamentares.
O PODEMOS conseguiu eleger 43 deputados.
Macome considera crucial a tomada de posse dos deputados, sobretudo num momento atípico, no qual o país regrediu em termos de desenvolvimento económico, bem como de solidariedade, “que exige de todos os moçambicanos um espírito de irmandade para que possamos sair deste caos que o sistema nos mergulhou”.
A ocasião também serviu para anunciar a realização do Conselho Nacional nos dias 7 e 8 de Março, na província nortenha de Nampula, tendo sublinhado que a decisão foi tomada igualmente na quinta-feira (23) pela Comissão Política do partido.
Importa referir que, no dia 11 de Outubro último, o mandatário da Renamo no distrito de Nampula, província com o mesmo nome, Ossufo Hulene, chamou a imprensa para pedir a demissão do presidente da Renamo, Ossufo Momade, e da delegada política provincial, Abiba Abá, tendo acusado Ossufo Momade de ser o responsável pelos resultados desastrosos que a Renamo teve nas VII eleições gerais.
Macamo disse ainda que, a contestação dos desmobilizados da Renamo em torno de Ossufo Momade, também será discutida no Conselho Nacional e tratada por “um órgão específico”, que se encontra a funcionar em pleno.
“Acredito que o assunto será abordado por uma organização especial do partido, que trata da matéria dos desmobilizados”, disse.
(AIM)
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