
Pontas de marfim de elefantes abatidos ilegalmente. Foto arquivo
Maputo, 04 Mar (AIM) – O director-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Pejul Calenga, considera a caça furtiva como assunto controlado em Moçambique.
“Há 10 ou 15 anos tínhamos perdas anuais de entre 1.000 e 1.500 elefantes, cifras muito altas. Mas, actualmente, estamos num cenário de menos de 100 unidades”, disse o director-geral da ANAC.
Afirmou que, durante dois anos consecutivos, não foram registados, em determinadas áreas de conservação, casos de morte de elefantes por caça furtiva, como é o caso da Reserva Especial de Niassa (norte), e do Parque Nacional de Gorongosa (centro do país).
Pejul Calenga avançou a informação numa entrevista concedida a um dos programas noticiosos da Rádio Moçambique, por ocasião do Dia Mundial da Vida Selvagem que se assinalou esta segunda-feira (03), sob o lema “Financiamento da Conservação da Vida Selvagem, Investir nas Pessoas e no Planeta”.
Referiu ainda que há 10, 15 anos a maior preocupação da ANAC era estancar a operação dos cartéis que não só ameaçava a sobrevivência das espécies, mas também colocava em causa a imagem do país porque grande número de cornos de rinocerontes e do marfim eram apreendidos fora de Moçambique e, em muitos casos, o país era descrito como que pouco ou nada fazia para estancar a caça furtiva.
Disse que o elefante é o principal indicador, pois muita coisa concorreu para que conseguissem alcançar este cenário como o melhoramento do rácio fiscal e a área a fiscalizar.
“Melhoramos a qualidade de fiscalização, aumentamos o número de fiscais e deixamos de ter, por exemplo, um fiscal para mais de 150 quilómetros quadrados para menos de 100″, avançou.
Segundo a fonte, “também fizemos um enorme trabalho de engajamento com o judiciário, porque não tínhamos esta figura de penalização, no passado”.
“Com o estabelecimento ou com a aprovação da lei de conservação, em 2014, foi possível engajarmos o judiciário, conseguir ter a procuradoria, e os tribunais” de tal forma que ficaram um pouco mais sensíveis à causa.
“Começamos a ver julgamentos a serem feitos”, assinalou.
Segundo a fonte, a preocupação não era apenas com a caça furtiva, mas também com a exploração ilegal, nomeadamente o comércio ilegal além-fronteiras.
“Colocamos unidades caninas no aeroporto, fizemos também um engajamento com as alfândegas para fechar as portas de entrada e de saída dos furtivos ou dos cartéis”, frisou.
Disse que tem estado a ser reforçados meios, integrada tecnologia, e uso de algumas ferramentas remotas, como é o caso de coleiras.
“Temos um sistema que permite ver a movimentação dos fiscais”, disse, acrescentando que a coordenação com as outras forças vai continuar sendo prioridade e, acima de tudo, trabalhar com as comunidades, porque “são elas que em primeira instância permitem-nos controlar o movimento”.
“Os caçadores furtivos vêm dessas mesmas comunidades e trabalhando com elas, dando mais benefícios, é possível estancar o problema”, anotou.
(AIM)
FG/mz