
Ministro da Saúde, Ussene Isse, discursa na abertura da reunião anual da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPH)
Maputo, 9 Abril (AIM)- O governo moçambicano defende a introdução de reformas urgentes na agenda global da saúde, com vista assegurar que a cooperação multilateral seja orientada para o reforço dos sistemas nacionais de saúde resilientes a crises globais.
A posição do governo moçambicano foi expressa pelo ministro da Saúde, Ussene Isse, na abertura da reunião anual da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPH).
O evento, que arrancou hoje (9), em Maputo, junta na capital moçambicana cerca de 200 participantes incluindo representantes de institutos e agências governamentais de saúde pública de todo mundo.
“Esta reunião além de servir de importante fórum global para discussão e partilha de experiências sobre ameaças presentes, futuras de saúde pública, também vai discutir o papel e a contribuição dos institutos nacionais de saúde pública na evidência de soluções para assegurar que o mundo esteja melhor preparado para enfrentar ameaças presentes e futuras”, disse o ministro.
Segundo o ministro da Saúde, a reunião ocorre numa altura em que o mundo enfrenta ameaças à saúde pública, incluindo mudanças climáticas, rápido crescimento populacional em África, aumento de conflitos armados a nível global, surgimento de tecnologias destruitivas, redução de financiamento global para saúde, desigualdades sociais e super nacionalismo que ameaçam a solidariedade global.
“Estes factores condicionam o surgimento de emergências ou agravamento de várias doenças com consequências directas para as comunidades, aumentam o fardo de doenças para o sector da saúde, resultante no aumento da frequência e gravidade de surtos e epidemias, os países de baixa renda são mais afectadas por esses factores”, disse.
Por isso, as autoridades moçambicanas defendem o uso de evidência científica no sentido de perspectivar um futuro melhor para saúde global, apostando nos institutos nacionais de saúde pública como pilar chave.
“A escolha deste lema ‘O papel dos institutos nacionais de saúde pública na promoção de sociedades saudáveis, equitativas e resilientes para enfrentar ameaças presentes e futuras’”, reconhece o papel fundamental dos institutos na identificação de soluções tecnológicas e científicas para melhoria da sua saúde e bem-estar da população”, referiu.
O executivo moçambicano defende ainda o estabelecimento de institutos nacionais de saúde pública operacionais no mundo inteiro como estratégia chave para garantir uma melhor prestação de serviços de saúde às populações.
O governo moçambicano tem vindo a fortalecer o Instituto Nacional de Saúde (INS), melhorando os seus instrumentos legais, provisão de recursos, conferindo maior capacidade técnico científico, administrativa e financeira.
“Nos últimos quatro anos Moçambique expandiu a representação geográfica dos institutos nacionais de saúde pública, estabeleceu laboratórios de saúde pública, em todas às províncias do país, sendo que o último será inaugurado no final deste mês na província de Gaza” disse.
Isse referiu que o país quer tornar o INS, um modelo a ser aplicado na região e no mundo.
“Fruto deste esforço, o África CDC elegeu recentemente o nosso instituto como centro de excelência para o continente africano. Por isso, também estamos satisfeitos que esta reunião vai abordar de forma estruturante as estratégias para o fortalecimento e consolidação, colaboração internacional para o fortalecimento dos institutos nacionais de saúde a nível global”, disse.
Aliás, o país está expectante em relação ao tema sobre mudanças climáticas, um dos aspectos a ser debatido na reunião em alusão, tendo em conta que Moçambique ocupa na quinta posição entre os países mais afectados ao nível global.
Já, o director geral do INS, Eduardo Samo Gudo, disse ser um momento histórico de saúde pública ao nível global.
“Por isso, esta reunião também é histórica, sendo o momento histórico e a reunião histórica, às nossas instituições também são históricas e vão ficar para memória”, disse.
Participam mais de 60 institutos ou agências de institutos nacionais de saúde pública ao nível mundial.
O evento vai terminar com a assinatura da “Declaração de Maputo Sobre Saúde Pública Global”para assegurar que às propostas produzidas sejam materializadas em forma de compromisso.
(AIM)
MR/sg