
Presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave, falando em conferência de imprensa. Foto de Carlos Júnior
Maputo, 28 Abr (AIM) – A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou hoje (28) a nova fase da greve, denominada RSO, que prevê a paralisação total das actividades, em todas unidades sanitárias, com efeitos a partir do dia 30 de Abril corrente, caso o Governo não assuma as datas para o cumprimento do acordo estabelecido entre ambas partes.
Há cerca de três anos que a APSUSM produziu um caderno reivindicativo no qual aonta como razões para a greve, a falta de medicamentos e material médico nas unidades sanitárias, camas hospitalares, alimentação para os pacientes e pagamento de horas extraordinárias, além da exigência de um melhor enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU).
“Nós entramos numa fase chamada RSO, uma fase de mistura. Nessa fase de mistura, todas unidades sanitárias estarão fechadas a partir das 15h30 do dia 30 de Abril corrente até 5 de Maio”, disse esta, o Presidente da APSUSM, Anselmo Muchave, em conferência de imprensa.
Segundo Muchave, a luta dos médicos não vai parar enquanto o Governo não perceber a necessidade de mudar as condições precárias existentes das unidades sanitárias e frisou que não se trata de uma festa, mas de um mecanismo de pressão para o cumprimento dos acordos firmados.
“Nós queremos que o Governo assuma as datas para o início do cumprimento dos acordos e perceba que agora estamos mais firmes. A greve dos cinco dias não é sinónimo de festa e não estamos a mostrar um braço de ferro, mas a reivindicar os nossos direitos”, disse.
Muchava diz esperar que o Governo perceba o impacto da paralisação das actividades na vida da população.
“Gostaríamos de apelar ao Governo, à seriedade, a não gastar fundos e que deveria perceber, a partir de já, que numa unidade sanitária entram pessoas e sofrem de várias doenças, mas esperam o atendimento em longas filas e morrem por falta de medicamentos. Por isso, o Governo não pode minimizar o impacto da greve, porque são pessoas que precisam de atendimento”, disse.
Muchave reagiu em relação aos argumentos difundidos pelo Governo alegando que não são todos profissionais de saúde que estão em greve, tendo as considerado falsas.
“O comportamento do Governo não nos surpreende, muito pelo contrário, era expectável que assim reagisse, mas deve perceber que um hospital fechado não é como uma escola, que se pode adiar a matéria para outro dia”, afirmou.
Após os cinco dias da fase RSO, Muchave ameaça anunciar a nova fase da greve. “Se o Governo não responder, nós voltamos a iniciar a terceira fase da nossa greve”.
Importa lembrar que a APSUSM possui cerca de 65 mil profissionais de saúde de diferentes departamentos e que exigem, entre outros, melhoria das condições de trabalho.
Existem em Moçambique 1778 unidades hospitalares, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
(AIM)
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