
Maputo, 13 Set (AIM) – Representantes da sociedade civil e do sector dos transportes defendem a introdução de reformas profundas no sistema de formação de condutores e maior responsabilização dos automobilistas, como medidas essenciais para travar a elevada sinistralidade rodoviária no país.
Em debate sobre segurança rodoviária na Rádio Moçambique (RM), Cássamo Lalá, membro da Associação das Escolas de Condução de Moçambique (AECOMO) e director da Escola de Condução Internacional, apontou deficiências graves na preparação dos condutores.
Lalá sublinhou que a legislação vigente limita a prática de condução, impedindo, por exemplo, a aprendizagem em auto-estradas. Como consequência, muitos motoristas só lidam com a condução em alta velocidade após receberem a carta.
Segundo Lalá, também o sistema de exames carece de rigor, permitindo que candidatos sejam avaliados apenas em circuitos reduzidos e com manobras simples.
“As lacunas começam na formação de instrutores. Não basta saber conduzir, é preciso saber ensinar. O sistema de ensino deve ser padronizado, mas hoje isso não acontece”, referiu.
Já o porta-voz da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Jorge Manhiça, destacou que o comportamento humano continua a ser um factor decisivo nos acidentes, sobretudo no transportes público de passageiros.
“O caso de Nicoadala demonstra que, perante nevoeiro intenso e estrada estreita, um motorista responsável deveria moderar a velocidade ou mesmo suspender a viagem até melhorar a visibilidade. A falta dessa consciência é que provoca tragédias”, disse.
Manhiça apelou igualmente à responsabilização partilhada, defendendo que os próprios passageiros devem intervir quando identificam comportamentos de risco.
“Se os passageiros ameaçarem abandonar as viaturas conduzidas de forma perigosa, os motoristas sentirão maior pressão para cumprir as regras”, afirmou.
Do lado da sociedade civil, o presidente da Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO), Alexandre Nhampossa, informou que decorrem projectos comunitários de educação rodoviária em várias províncias, com destaque recente para a zona norte.
Segundo Nhampossa, iniciativas em Nampula e Niassa estão a abranger mais de 30 escolas, num esforço para reforçar a consciencialização de peões, passageiros e condutores.
“A situação é preocupante e exige respostas coordenadas. Não interessa uma acção isolada. É preciso unir escolas de condução, INATRO, polícia e sociedade civil para termos impacto real”, defendeu.
(AIM)
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