Maputo, 17 Nov (AIM) – O Presidente da República, Daniel Chapo, defendeu a necessidade de uma reformulação contínua da Estratégia Nacional de Defesa, sublinhando que a segurança de Moçambique depende de instituições capazes de produzir conhecimento antecipatório e de formar quadros altamente qualificados.
O Chefe de Estado falava esta segunda-feira (17), em Nampula, zona norte, no encerramento da 1.ª edição do Curso de Defesa Nacional (CDN), do 12.º Curso de Estado-Maior Conjunto (CEMC) e do 14.º Curso de Promoção a Oficial Superior (CPOS), do Instituto Superior de Estudos de Defesa (ISEDEF).
Na ocasião, reiterou o apelo à vigilância e à prontidão das Forças de Defesa e Segurança face ao terrorismo ainda activo na província de Cabo Delgado.
Chapo destacou a centralidade da produção científica para a protecção do Estado, sublinhando o envolvimento activo das instituições de ensino militar.
“O ISEDEF não pode permanecer à espera de orientações superiores para produzir conhecimento relevante”, afirmou.
Sustentou, igualmente, que a crescente complexidade das ameaças regionais exige análises regulares e pesquisas consistentes, reforçando a missão estratégica das instituições académicas.
“As instituições de ensino e investigação devem estar vigilantes e prontas para proceder à formulação do pensamento estratégico nacional”, frisou.
Ao abordar o domínio operacional, o Presidente estabeleceu uma ligação directa entre a qualidade da formação e a capacidade de resposta no terreno, recordando que muitos dos novos graduados integrarão, em breve, o Teatro Operacional Norte.
Sublinhou, também, que a defesa nacional é uma responsabilidade transversal: “A defesa nacional envolve todos: civis, empresas, comunidades, sectores económicos e sociais.”
Segundo o Chefe de Estado, o país necessita de profissionais capazes de interpretar precocemente sinais de risco. “O país necessita de quadros que percebam, com antecedência, os sinais de perigo que se aproximam.”
No seu discurso, Chapo dedicou especial atenção à situação em Cabo Delgado. Apesar de reconhecer progressos, rejeitou qualquer discurso de vitória antecipada. “Não estamos a dizer que já não há terrorismo em Cabo Delgado. Não!”
Explicou que a relativa estabilização tem permitido avanços económicos relevantes, entre os quais o levantamento da cláusula de força maior pela TotalEnergies. “Foi esta melhoria comparativa que contribuiu para a TotalEnergies levantar a cláusula de força maior.”
No entanto, advertiu que a melhoria não significa o fim das hostilidades, sublinhando o papel determinante das Forças de Defesa e Segurança.
“Os nossos jovens combatem 24/24 horas, faça sol ou chuva, com coragem e, por vezes, com poucos meios”, enalteceu.
Destacou também o contributo dos Voluntários da Força Local e dos parceiros internacionais, nomeadamente Ruanda e Tanzânia. “O Ruanda e a Tanzânia continuam a combater lado a lado com as nossas forças.”
Apelou, ainda, ao reconhecimento nacional dos combatentes “que estão nas matas de Cabo Delgado a defender o país”, enfatizando a necessidade de adaptação permanente face às mutações da insurgência. “O terrorismo muda os seus métodos; nós devemos antecipar e neutralizar essas mutações.”
Dirigindo-se ao ISEDEF, o Presidente insistiu que a instituição deve assumir a liderança na modernização da doutrina militar, dependente da conjugação entre docência, investigação e extensão comunitária.
Assinalou, igualmente, que a qualidade deve permanecer como prioridade absoluta. “A qualidade deve sobrepor-se à quantidade. O país precisa de graduados capazes de competir com as melhores instituições militares nacionais e internacionais.”
Sublinhou, por fim, a necessidade de actualização constante do corpo docente. “O corpo docente deve manter actualização permanente e produzir estudos que contribuam para a doutrina nacional.”
Em conclusão, Chapo afirmou que o ciclo formativo agora encerrado representa um avanço significativo para o aparelho de defesa nacional. “A muralha defensiva de Moçambique fica hoje mais forte.”
A cerimónia de graduação contou com a presença de docentes, dirigentes militares e representantes dos sectores público e privado, assinalando o encerramento formal dos cursos e destacando a importância da formação avançada para a segurança nacional.
(AIM)
NL/pc
