Maputo, 24 Jan (AIM) – O Banco de Moçambique (BM) que a inflação observou uma curva de desaceleração em 2023, tendo-se fixado em 4,6 por cento até Setembro e em 5,30 por cento (abaixo de um dígito) em Dezembro do mesmo ano.
O facto ocorreu depois de a inflação ter atingido o pico de 12,9% em Agosto de 2022, uma trajectória de desaceleração que reflecte o efeito combinado da estabilidade cambial e da postura restritiva da política monetária bem como da queda dos preços dos alimentos e combustíveis no mercado internacional.
A informação consta de uma carta enviada pelo Banco de Moçambique ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a 19 de Dezembro no quadro da terceira avaliação e aprovação do programa de Facilidade de Crédito Alargado (ECF) a Moçambique.
“A inflação anual tem vindo a desacelerar desde o início do ano, tendo-se fixado em 4,6% em Setembro (fechou em 5,30% em Dezembro)”, refere o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela no documento referido.
No documento, o timoneiro do BM acrescenta que prevalecem elevadas incertezas quanto à magnitude dos impactos dos riscos actuais, nomeadamente a partir do exterior, “amplificadas pela volatilidade nos mercados financeiros, o que tem exigido uma actuação da política monetária cada vez mais prudente”.
Nota que a política monetária se manteve restritiva, com a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) fixada em 17,25 por cento.
“É importante frisar que o excesso de liquidez no sistema bancário foi exacerbado pelo súbito aumento na despesa pública decorrente da implementação da Tabela Salarial”, sublinhou.
Na mesmo documento, o Banco de Moçambique admite ajustar a política monetária para conter a inflação, uma situação que deverá merecer uma monitoria cuidadosa.
“Com a inflação agora de volta ao centro do intervalo da meta, o Banco de Moçambique vai monitorizar cuidadosamente a necessidade de ajustar a política monetária para continuar a cumprir o seu mandato de estabilidade de preços”, lê-se na carta.
Refira-se que, numa situação idêntica, em 2022, para conter a inflação o BM optou pelo aumento da taxa directora (MIMO) em 200 pontos base, de 13,25% para 15,25%, seguindo-se em Setembro de 2022 novo aumento na mesma proporção.
“Ao fazê-lo, a política do Banco de Moçambique visava prevenir proactivamente os riscos” com as expectativas de inflação no curto prazo, “evitando ao mesmo tempo o comprometimento da recuperação da procura”, lê-se no documento.
Com esta abordagem, tudo indica que o BM poderá assumir uma postura restritiva da política monetária, embora prevaleçam incertezas.
(AIM)
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