Maputo, 24 de Jan (AIM) – O Instituto Nacional de Saúde (INS) concluiu a instalação de um sistema de vigilância dos eventos vitais no seio das comunidades para captar as mortes que ocorrem e escapam ao sistema de registo civil.
A iniciativa surge em resposta à baixa taxa de registo de eventos vitais (nascimento e morte) nas comunidades em todo o país, uma realidade geral também no continente africano, onde estima-se que somente 20 por cento de nascimentos e mortes são captados pelos serviços de registos e notariado.
Informações recentes indicam que cerca de 50 por cento de mortes não tem registo e 12 milhões de moçambicanos também carecem de registo no Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, numa altura em que o acesso aos dados de novos nascimentos e óbitos ocorridos nas zonas rurais continua uma dor de cabeça para as autoridades.
A garantia foi dada pelo director do Instituto Nacional da Saúde, Eduardo Samo Gudo, em entrevista recente à AIM, dando a conhecer alguns projectos estruturantes em curso no ramo de pesquisa a nível daquela instituição.
“Temos uma experiência em sistemas de vigilância de mortalidade. Sabe-se que sistema de registo civil para mortes e nascimentos em países pobres como Moçambique não captam a maioria de óbitos e pensa-se que menos de 20 por cento é que são captados em todo continente”, disse Eduardo Samo Gudo, Director do INS.
De acordo com a fonte, o INS montou no país um sistema de vigilância que consiste em deslocações às comunidade para fazer mapeamento de eventos vitais, o que permite calcular com fiabilidade as taxas de mortalidade, numa altura em que, só se utiliza exclusivamente os dados dos registos e notariados, factor que não permite aferir com rigor a realidade sobre a mortalidade no país.
“Esta experiência partilhamos na Conferência sobre Saúde Pública em África, porque muitos países não têm mecanismo do género e só utilizam única e exclusivamente dados dos registos civis, e como se sabe, captam muito pouco sobre a taxa de mortalidade. Muitas pessoas nascem e morrem na comunidade e os sistemas não captam”, referiu a fonte do INS.
A iniciativa, permite igualmente captar óbitos na comunidade por outras doenças de que não se tinha a real dimensão, com recurso a um mecanismo denominado Autópsia Verbal.
“O inquérito, permite com base nas questões sobre os sintomas, o tempo que o indivíduo levou com a doença, aferir as causas da morte. As respostas ao inquérito são depois submetidas num algoritmo que permite apurar a provável causa da morte de um determinado indivíduo”, salientou.
Devido aos desafios que persistem nos registos vitais, em Abril de 2023, o INS e o Ministério da Justiça, rubricaram um memorando de entendimento que prevê a partilha de informações sobre eventos vitais, na qual, o ministério passa a ter acesso através do INS dados sobre nascimentos e óbitos para evitar que haja pessoas não registadas nas comunidades ou mortes.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /sg