
Foto: UNICEF
Nampula (Moçambique), 28 Mai (AIM) – Mais de 100 mil raparigas entre os 10 e os 19 anos de idade ficaram grávidas em 2023, na província nortenha moçambicana de Nampula, num universo de 430.254 registadas pelo sector da saúde.
Os dados foram partilhados, nesta terça-feira, pela médica-chefe provincial, Selma Xavier, durante um seminário promovido no âmbito do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher (28 de Maio).
“Em 2023, na província de Nampula, 480.254 mulheres ficaram grávidas das quais 101.954 eram raparigas e adolescentes dos 10 aos 19 anos de idade, uma realidade preocupante”, revelou a médica.
Numa palestra sobre o tema “gravidez na adolescência e suas complicações”, a especialista Filipa Lisboa descreveu a situação como crítica nos distritos de Mogovolas, Murrupula, Mogincual e Mecubúri, detalhando ainda o que ocorre um pouco por todo o país.
“Os níveis mais elevados de gravidez na adolescência encontram-se em Cabo Delgado, com 55 por cento, Niassa 52, e Nampula 44. Os níveis mais baixos estão em Maputo cidade e província com 12 e 18 por cento respectivamente”, explicou.
Os principais factores que explicam a gravidez na adolescência são, no entender da clínica “falta de utilização ou utilização incorrecta dos métodos contraceptivos, repetir padrões de comportamento, privação de informações sobre sexo e gravidez, por parte dos adultos, fraca escolarização e influência dos meios de comunicação”.
A médica observou que a gravidez na adolescência acarreta consequências nefastas na saúde das raparigas que, entre outros, incluem a morte no parto e pós-parto e fístulas obstétricas.
“Outras são complicações derivadas do aborto, infecções de transmissão sexual (incluindo HIV) e maiores riscos para a saúde do bebé, abandono escolar, baixo nível económico e financeiro, sendo que as fístulas obstétricas constituem uma das mais incapacitantes e dolorosas da gravidez e do parto”, concluiu.
O administrador do distrito de Nampula, Abdulrremane Selemene, anunciou para breve a assinatura de memorandos de entendimento com alguns institutos de formação de saúde privados, baseados na capital provincial, para ajudar a comunidade na prevenção e tratamento de doenças.
(AIM)
Rosa Inguane/dt