Por Paulino Checo, da AIM, em Gorongosa
Gorongosa, 26 Ago (AIM) – O Candidato presidencial da FRELIMO, partido no poder em Moçambique, Daniel Chapo, no seu terceiro dia de campanha eleitoral na província de Sofala, zona centro, escalou hoje o distrito da Gorongosa e prometeu dar continuidade das acções em curso tendentes a manutenção da paz e segurança no país e em especial nesta parcela do territorial nacional.
A promessa de Chapo acalentou esperança de um povo com marcas de guerra ainda presentes na memória, numa região onde a guerra destruiu sonhos e adiou projectos de desenvolvimento.
Durante a guerra civil de 16 anos, que terminou com a assinatura do Acordo Geral da Paz (AGP), a 04 de Outubro de 1992, a Serra de Gorongosa serviu como a maior base militar da Renamo, hoje maior partido da oposição em Moçambique.
Falando para a população local que acorreu em massa, na manhã de hoje (26), ao campo municipal local, para ver e ouvir o candidato da Frelimo, Chapo disse conhecer o drama da guerra porque viveu na pele e não irá permitir que as populações voltem a sofrer qualquer tipo de conflito do género.
“Sofri com a guerra. Fui capturado com cinco anos em Inhaminga e vivi dois anos no cativeiro. Caminhei a pé ate Dondo onde a minha mãe vive até agora. Conheço o que é guerra e não quero que o povo volte a sofrer da guerra. Vamos continuar com as acções em curso para a manutenção da paz”, disse Chapo, em Gorongosa.
Segundo Chapo, a paz e segurança constituem a primeira prioridade do seu manifesto eleitoral, porque compreende que sem a paz não há condições para Moçambique desenvolver.
Disse ser necessário consolidar a paz e reconciliação como factores essenciais para a promoção da unidade nacional, defesa da soberania e integridade territorial.
Prometeu acompanhar, de forma atenciosa, o desenrolar do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) da força residual da Renamo, para que o processo seja cumprido na íntegra e não constituir ameaça a paz conquistada com sacrifício.
Na Serra de Gorongosa, o governo moçambicano prometeu construir um Memorial da Paz, como forma de imortalizar os protagonistas dos processos de paz no país. A iniciativa visa fazer de Gorongosa uma referência nacional e internacional na construção de paz, tolerância e reconciliação.
É intenção do candidato fazer com que o distrito de Gorongosa deixe de ser associado a guerra e sirva de fonte de inspiração para a actual e futuras gerações na convivência pacífica entre homens.
“Hoje, Gorongosa é a capital da paz”, afirmou.
Explicou que o DDR surgiu no âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado por Filipe Nyusi, actual Presidente da Republica, e Ossufo Momade, líder da Renamo, em Agosto de 2019, em Maputo.
Ouvido pela AIM, um ancião de aproximadamente 70 anos identificou-se com a história de Daniel Chapo e revelou que durante a guerra dos 16 anos viveu momentos tristes e que não gostaria que voltassem a ocorrer.
O ancião “comprou” a ideia de Chapo de lutar para manter a paz no país.
“Também fui capturado em 1981 aqui no distrito. Vivi a guerra e vi meus pais a serem assassinados. É uma história que quando e contada ninguém acredita. Mas aconteceu. Acho que este candidato esta certo quando aposta na paz. Nós aqui já não queremos saber de guerra”, referiu Albino Siquisse.
De acordo com a fonte, durante a guerra tudo foi destruído em Gorongosa, incluindo das regiões entre Muxúngue e Caia. Todas as infra-estruturas públicas e privadas foram destruídas.
Também ouvida pela AIM, uma jovem de 21 anos de Idade, que nasceu e está a crescer em Gorongosa afirmou que não viveu a guerra dos 16 anos, mas que os relatos ouvidos indicam que foi uma página negra da história local, e do pais, em geral.
“Só acompanhei ataques da Junta Militar. Acho que a guerra não é boa. Queremos estudar e crescer num ambiente sem guerra”, frisou.
A Junta Militar era liderada por Mariano Nhongo, um malogrado dissidente da Renamo, que promoveu acções criminosas em algumas regiões do centro de Moçambique.
De Gorongosa, Chapo seguiu para Maringué, onde tem agendado actividades de campanha eleitoral.
(AIM)
PC/mz