
Nacala, 6 Out (AIM) – Com a marca a roçar 100 comícios feitos, em igual número de distritos, de Rovuma ao Maputo e de Zumbo ao Índico, nas 11 províncias incluindo Maputo Cidade, Daniel Chapo, foi, durante os 45 dias de campanha eleitoral, o candidato presidencial mais exposto ao eleitorado e consequentemente quem caiu nas graças do povo, a julgar pelo carinho e aceitação popular demonstrado.
Durante a longa maratona de caça ao voto, às enchentes à volta do candidato presidencial da Frelimo, foram sempre a principal característica dos seus comícios nos locais por onde passou, incluindo distritos, postos administrativos, vilas, centros urbanos, localidades, povoações e zonas.
Acarinhado por multidões, entre membros, simpatizantes, curiosos e população no geral, de todas as faixas etárias, Chapo foi o candidato que literalmente fez chegar o seu projecto de governação aos 30 milhões de moçambicanos, e em particular ao eleitorado fixado em mais de 17 milhões de potenciais eleitores inscritos, de acordo com os dados dos órgãos de administração eleitoral.
Com uma meta de três comícios por dia, em igual número de distritos, Chapo recebeu retorno positivo dos moçambicanos, onde por sua vez, a população, com recurso a várias manifestações, mostrou que deseja mais do que exercer o direito constitucional de escolher quem vai governar o país, mas participar activamente dos processos de tomada de decisões através de um governo inclusivo.
Fiel ao manifesto partidário e ao seu compromisso para com o povo, dois instrumentos que nortearam a sua propaganda política, o candidato da Frelimo focou a sua mensagem na busca da paz e segurança, erradicação da fome através do aumento de produção, geração de empregos, a valorização da mulher, a retoma do financiamento ao distrito, com o apoio aos pequenos e microempresários e iniciativas para juventude.
Vincou sua promessa de reindustrialização aliada ao desenvolvimento sustentável, bem como a valorização da saúde, da educação, da ciência e da cultura, como sectores preponderantes para colocar o país de novo na rota de desenvolvimento.
A principal linha da sua visão, também incidiu sobre o combate à corrupção, como um cancro que mina as iniciativas do desenvolvimento, num país em que o fenómeno está enraizado do topo à base, algo que concorre para a fragilização do Estado.
O seu encerramento feito hoje em duas pronúncias, primeiro em Nacala, província de Nampula, o maior círculo eleitoral, fazendo uma marcha de mais de cinco quilómetros de moldura humana, e na cidade da Maputo, província de Maputo, com uma festa colorida, foi algo inédito na história das campanhas eleitorais em Moçambique.
Com dois showmícios que movimentaram multidões, a Frelimo viveu momento de festa em comemoração de um trabalho quase sem mácula ao longos dos 45 dias, diga uma verdadeira aula de democracia.
A Renamo, a principal força da oposição em Moçambique, protagonizou uma partida em falso no arranque da campanha, pela ausência do seu líder e candidato presidencial, Ossufo Momade, por 15 dias, tendo retomado numa fase em que os seus principais oponentes já haviam tirado vantagem competitiva na mobilização do voto.
Sem uma explicação plausível para o seu eleitorado, a ausência de Ossufo Momade gerou uma onda de preocupação tanto no seio dos membros e simpatizantes, como na população no geral, tendo em conta a relevância da Renamo no xadrez político.
Com as alegações de limitações financeiras, o partido Renamo e Ossufo Momade fizeram a campanha eleitoral possível, privilegiando a zona da sua maior influência, centro e norte, nas províncias de Sofala, Zambézia, Nampula, respectivamente.
Momade, a sua maneira, passou a sua visão de governação, plasmada no seu manifesto eleitoral, que privilegia essencialmente a melhoria das condições de vida dos cidadãos, prometendo em quase todas as províncias por onde passou, que caso seja eleito a vida dos moçambicanos poderá mudar.
Dada a sua ausência de 15 dias, Ossufo, praticamente não conseguiu fazer um trabalho aprofundado por onde passou, facto comprovado pela campanha relâmpago feito na zona sul, região que praticamente sentiu ausência desse partido.
Irreverência do Venâncio e simpatia do eleitorado jovem
Venâncio Mondlane, candidato que entrou na corrida eleitoral como independente e mais tarde assumido pelo partido PODEMOS, emprestou um ar diferente a campanha eleitoral, com a sua capacidade de semear mensagem para uma parte do eleitorado jovem e indeciso.
Foi um candidato que, a sua maneira conseguiu “pentear” quase todas as províncias e comunicar com as populações, sobretudo das sedes distritais, recorrendo por vezes a discurso incendiário e de ataque aos seus oponentes para captar maior atenção dos seus seguidores.
Mostrou que, para além do engajamento que tem nas redes sociais, também ganhou algum alento no contacto com as massas, tendo sido, depois do Chapo, o candidato que mais exposição teve ao eleitorado, com todos os desafios de ordem financeira e organizacional.
A campanha óbvia do Lutero Simango e o seu MDM
O candidato suportado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), fez uma espécie de serviços mínimos durante toda a sua campanha eleitoral. Limitou-se apenas a cumprir uma agenda previamente desenhada sem elementos de surpresa.
Simango, queimou duas semanas na província de Sofala, que se presume ser o bastião do MDM, e por consequência, perdeu tempo de escala para outras províncias e outro eleitorado.
De seguida, instalou base em Nampula, onde encerrou a sua campanha sábado (05), com registo de passagens fugazes em outras províncias, mas sem trabalho aprofundado.
A realização das Eleições 2024 para o cargo de Presidente do país, se aproxima, (quarta-feira) e, com ela, aumenta a expectativa, e muitos eleitores, entretanto, acreditam que quem fez bem o seu trabalho de caça ao voto poderá colher resultados satisfatórios.
(AIM)
Paulino Checo