Jorge Dick, AIM, em Bobole (Maputo)
Bobole (Moçambique), 29 Set (AIM) – Populares da localidade de Bobole, mais de 50 quilómetros da cidade de Maputo, capital moçambicana, lamentam por os políticos não estarem, nas suas campanhas eleitorais, a falar com toda a sua propriedade de como eles vão criar empregos e melhores condições habitacionais, sobretudo para a população juvenil, caso ganhem as eleições de Outubro próximo, no país.
Dizem que, apesar da campanha eleitoral estar na sua recta final, os partidos políticos continuam a não falar coisas concretas sobre o desemprego e habitação.
Consideram que estas eleições, agendadas para nove (09) de Outubro, devem responder às expectativas da população moçambicana, especialmente de Bobole, sobre a necessidade de se imprimir mudanças de vida.
Este grito é quase partilhado por muitos moradores daquela localidade que, de um simples posto de venda de carvão vegetal, hoje está em franco crescimento.
Em declarações à AIM, Evaristo Matandane classifica de evasivas as campanhas de “caça ao voto”, por não estarem a focar o que mais preocupa o dia-a-dia dos moçambicanos, especialmente a população de Bobole.
“Nós queremos que os partidos nos digam o que é que, na verdade, vão fazer para tirar milhares de jovens desempregados e como é que esses mesmos jovens vão construir as casas se não têm alguma ocupação?”, questionou Matandane.
De 47 anos, este cidadão defende que o próximo governo deverá olhar para aquilo que mais mexe a sociedade, como, por exemplo, a fome, saúde, educação e habitação, indicando ainda que “esses são os assuntos que mais preocupam o dia-a-dia das pessoas”.
“Os mega-projectos são sim essenciais para o desenvolvimento do país, mas nós, população o que queremos é o tomate, arroz, transporte. Portanto, aquilo que é essencial para a nossa vida”, vincoue.
Alberto Mazive, um outro residente interpelado pela AIM, diz acreditar que Bobole cresceu de um simples posto de venda de carvão para uma vila, mas os políticos não falam sobre esse tipo de iniciativas que tornaram aquele local uma referência no distrito de Marracuene.
“Desde que a campanha eleitoral começou ainda não ouvi dos partidos a falarem de como vão tirar os jovens do desemprego. Por exemplo, não falam do empreendedorismo ou de iniciativas como estas que transformaram Bobole em uma paragem obrigatória”.
Mazive conta que foram grupos de mulheres jovens que, com o negócio de carvão, fizeram crescer este lugar, que hoje até já tem farmácias, estabelecimentos comerciais e demais infra-estruturas socioeconómicas.
O interlocutor disse não ter sido o governo que fez catapultar o crescimento daquela área, onde ainda, este mês, os residentes, agastados, bloquearam a Estrada Nacional Número Um (NE1) e demais vias de acesso, em protesto contra a falta de electrificação.
Na sequência disso, questionou “se é assim que devemos proceder quando queremos ver as nossas preocupações resolvidas?
Para Manuela Fernandes, Bobole merece um outro tratamento e os políticos deviam, no máximo, explorar, nos seus manifestos, iniciativas desta localidade, que hoje praticamente já é uma vila.
“Estou atenta ao desenrolar da campanha eleitoral, mas infelizmente ainda não ouvi os partidos políticos a falarem de Bobole, mas eles querem o nosso voto”, lamentou Manuela Fernandes, mãe de duas crianças.
A AIM apurou, in loco, que a localidade de Bobole está, de facto, em franco crescimento, quer em densidade populacional como em termos económicos.
Localizada ao longo da NE1, entre a vila municipal de Marracuene, sede distrital, e a localidade de Maluana, esta área pratica agricultura, ao longo das margens do rio Incomati.
Ao nível de Marracuene, além de carvão, considera-se Bobole como um dos potenciais produtores de cana-de-açúcar, tomate, batata-doce e criação de gado bovino.
(AIM)
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