
Contagem de Votos na província de Gaza. Foto de Santos Vilanculos
Maputo, 10 Out (AIM) – Os resultados das mesas de voto que a AIM obteve das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de quarta-feira (09) apontam para a vitória do partido no poder, a Frelimo, e seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Refira-se que os resultados são todos preliminares e, por isso, ainda carecem de confirmação por parte dos órgãos de administração eleitoral.
No entanto, estes resultados parciais apontam para uma vitória da Frelimo em todo o país, embora numa escala inferior às suas projecções. Os resultados indicam que a Frelimo poderá ficar aquém da maioria de dois terços no parlamento moçambicano, a Assembleia da República, que ganhou nas anteriores eleições gerais de 2019.
Em segundo lugar, com talvez 20-30 por cento dos votos, está o candidato presidencial independente, Venâncio Mondlane, e a principal força que o apoia, o Partido dos Optimistas para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS).
A ascensão de Venâncio Mondlane arrasou os partidos tradicionais da oposição, a Renamo e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), que aparentam estar prestes a perder a maioria dos seus assentos parlamentares.
Até há bem pouco tempo, Mondlane era uma figura de topo da Renamo e, nas eleições autárquicas do ano passado, foi o candidato da Renamo a Presidente do Município de Maputo.
Mondlane pretendia desafiar o líder da Renamo, Ossufo Momade, na corrida para a presidência do partido. Entretanto, os apoiantes de Momade recusaram-se a permitir a participação de Mondlane no Congresso da Renamo, realizado em Maio último, no município de Alto Molócuè.
Assim, Mondlane demitiu-se da Renamo e anunciou a sua intenção de concorrer às eleições presidenciais como independente. Vários partidos menores, extraparlamentares, optaram por apoiá-lo, entre os quais o mais significativo é o PODEMOS.
Agora, a Renamo está arruinada e é pouco provável que Momade consiga manter a sua posição de líder do partido. O seu papel como líder da oposição (e o subsídio estatal que lhe está associado), será quase de certeza assumido por Mondlane.
O MDM está numa situação ainda pior, mas ainda controla o seu tradicional reduto na cidade central da Beira.
Os resultados preliminares até agora disponíveis também apontam para uma fraca participação, inferior a 50% dos eleitores registados.
Na cidade central de Quelimane, por exemplo, na assembleia de voto número 080001-01, apenas 331 dos 800 eleitores registados votaram. Chapo ganhou com 153 votos, seguido de Mondlane com 148. Ossufo Momade teve apenas 14 votos e Lutero Simango, do MDM, apenas 5 votos.
Nas eleições legislativas, na mesma mesa de voto, a Frelimo obteve 136 votos, o PODEMOS 91, a Renamo 73 e o MDM apenas sete.
Na assembleia de voto 980180-08, na cidade de Nampula, no norte do país, Mondlane ganhou com 172 votos, seguido de Chapo com 147, Momade com 18 e Simango com nove.
Na cidade central de Chimoio, de acordo com uma reportagem da estação de televisão independente, “TV Sucesso”, em 130 assembleias de voto, Mondlane estava a liderar com cerca de 25.000 votos, seguido de Chapo com mais de 20.000. Houve 778 votos para Simango e 1.239 para Momade.
Os resultados das assembleias de voto são ainda muito poucos para se poderem tirar conclusões definitivas. Mas a tendência geral parece clara.
Sem dúvida que a Renamo vai atribuir a fraude ao seu fraco desempenho – e e mesmo se tiver havido a favor da Frelimo nestas eleições, ela não é suficiente para explicar o colapso da Renamo.
A fase actual é de apuramento distrital e depois como resultados provinciais até segunda-feira. Só então a Comissão Nacional de Eleições (CNE) publicará os resultados nacionais.
A história não fica por aqui. O Conselho Constitucional, o órgão máximo de Moçambique em matéria de direito constitucional e eleitoral, deve então validar e proclamar os resultados.
A lei eleitoral não estabelece prazo para que o Conselho tome a sua decisão.
(AIM)
Pf/sg