
Polícia tenta dispersar manifestantes em Maputo
Chimoio (Moçambique), 24 Out (AIM) – Alguns cidadãos residentes na cidade de Chimoio, província de Manica, centro de Moçambique, queimaram nesta quinta-feira (24) pneus na via pública e destruíram algumas infraestruturas públicas e privadas em resposta ao convite para manifestações do candidato presidencial, Venâncio Mondlane.
O candidato suportado pelo partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODERMOS) alega estar a reivindicar os resultados das eleições gerais e das assembleias provinciais de 09 de Outubro corrente.
As primeiras manifestações ocorreram na passada segunda-feira (21) dias após o anúncio dos resultados intermédios, de nível provincial.
Esta quinta – feira (24), dia em que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarou a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, como vencedores das VII eleições gerais e das IV das assembleias provinciais, alguns cidadãos saíram à rua para protestar os resultados.
As manifestações violentas paralisaram o comércio e outras actividades a partir do meio-dia, duas horas antes do início do anúncio dos resultados que ainda carecem de validação pelo Conselho Constitucional (CC).
A violência começou no bairro Francisco Manyanga, concretamente no mercado 38 Milímetros, um dos principais centros comerciais de Chimoio, onde jovens atearam fogo em algumas bancas e queimaram pneus.
Face a situação, a Polícia da República de Moçambique (PRM) foi chamada e intervir para repor a ordem e segurança públicas.
Diversas especialidades da polícia posicionaram-se nos bairros Francisco Manyanga, 07 de Abril, Nhamaonha, Josina Machael, 03 de Fevereiro, 16 de Junho e Nhaurir, locais onde houve escalada de manifestações.
Aliás, no período da manhã, as pessoas fizeram-se a rua normalmente e as actividades decorreram sem grandes sobressaltos.
Hoje, a situação tomou contornos preocupantes, pois foi marcada por uma onda de violência protagonizada por apoiantes do candidato presidencial, Venâncio Mondlane, e membros e simpatizantes do PODEMOS.
Alguns residentes da cidade de Chimoio condenaram a violência.
Logo pela manhã, a AIM visitou alguns mercados e dialogou com vendedores que disseram que pese embora seja notável a fraca afluência dos clientes, “o comércio não parou no período da manha”.
Hortência dos Anjos, vendedora do mercado Josina Machel, em Chimoio, disse que abriu a sua banca quando eram cerca das 07:00 horas locais.
Mas horas depois foi obrigada a encerrar a sua banca devido a violência que se prolongou até ao período da tarde.
“Acordei e pensei que deveria sair para trabalhar. É do negócio que consigo alimentar a minha família. Tenho filhos que esperam por mim. Quando eu pensava que estava tudo bem, começaram as manifestações e fechei a minha banca, afirmou.
Apelou a suspensão das manifestações porque só retardam o desenvolvimento de Moçambique.
“Penso não ser boa ideia aderir às manifestações. São vidas que podem ser perdidas e outros danos durante estes actos. Vamos trabalhar porque é assim que havemos de construir o Moçambique que todos nós desejamos”, acrescentou.
Por sua vez, António Jonissene, disse ser com o diálogo que os moçambicanos podem encontrar solução para qualquer problema.
“A greve ou qualquer outro tipo de manifestação não será a solução do problema. Existem instâncias onde aqueles que se sentem injustiçados podem recorrer à busca da justiça”, disse.
O transporte de passageiros também circulou nas primeiras horas. No terminal interprovincial, o movimento era considerado normal.
Os passageiros viajavam para outros pontos da província e do país. Mas até por volta das 11:00 horas, o cenário mudou.
Alfredo Paulino, motorista de uma viatura de passageiros que faz o trajecto Chimoio-vila de Gondola, disse que nas primeiras horas da manhã saíram quatro viaturas com destino a Gondola.
“Muitos funcionários públicos de Gondola vivem na cidade de Chimoio. Tivemos um movimento normal nas primeiras horas. Parecia estar tudo bem. As coisas mudaram e surgiu a violência que nos obrigou a paralisar a nossa actividade. Portanto, penso que a greve de hoje é diferente da passada. Esta foi mais violenta”, caracterizou Alfredo Paulino.
“O dia nasceu muito bem e depois tudo parou. Houve quem agitou e começaram alguns focos de confusão. Pensamos que foi mesmo chato porque o comércio e outras actividades foram interrompidas”, disse José Mabuleza, motorista de uma viatura de passageiros que circula no sentido Chimoio-Beira.
Na manhã desta quinta-feira, as aulas também foram interrompidas em todos os estabelecimentos de ensino na cidade de Chimoio por questões de segurança.
Algumas ruas ficaram totalmente abandonadas. A Polícia esteve em quase todos os pontos estratégicos, principalmente em estabelecimentos comerciais para evitar vandalismo.
(AIM)
NM/mz