Maputo, 28 Out (AIM) – Pelo menos 40 pacientes deram entrada no Serviço de Urgências para Adultos no Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade hospitalar em Moçambique, vítimas das manifestações ocorridas nos dias 21, 24 e 26 de Outubro corrente.
Trata-se de 16 pacientes que deram entrada no dia 21 e os restantes nos dias 24 e 25, vítimas das manifestações referidas, que acabaram degenerando em violência.
A informação foi partilhada esta segunda-feira (28), em Maputo, pelo director do Serviço de Urgência do HCM, Dino Lopes, em conferência de imprensa para fazer o balanço semanal de 21 a 27 do mês corrente.
O Serviço de Urgência para Adultos recebeu na semana finda, um cumulativo de 1.185 pacientes, distribuídos nos diferentes serviços do hospital. Destes, 420 são vítimas de trauma, acidente de viação (29), entre outros.
Um cumulativo que, segundo Lopes, não difere muito a regra daquilo que tem sido a média semanal.
Lopes explicou que, “no primeiro dia das manifestações, tivemos dois casos de internamento: uma fractura linear da tíbia e outro caso de uma ferida no abdómen. O primeiro caso de fractura da tíbia, que é o caso do jornalista e, já teve alta”.
“E o outro caso de ferida no abdómen ainda está no nosso serviço de internamento”, acrescentou.
Ainda no contexto das manifestações, houve registo de 10 internamentos nos dias 24 e 25, dos quais uma mulher de 41 anos com traumatismo crânio encefálico, que se encontra no Serviço de Urgência, nos cuidados intensivos, num estado muito crítico.
“Do total dos 40 pacientes vítimas das manifestações que nós recebemos, não tivemos nenhum caso que evoluiu com o óbito. Todos estão estáveis, exceptuando a senhora que está nos cuidados intensivos”, assegurou.
Em relação à sobrevivente do duplo homicídio que se encontrava no carro dos dois malogrados, no local de assassinato, Lopes afirmou que ela já saiu da sala de emergência e não corre nenhum perigo.
“Agora está num outro serviço de especialidade, por conta das fracturas que ela contraiu, porém continua estável”, disse.
Falando dos constrangimentos causados pelas manifestações, apontou os principais factores que condicionaram o funcionamento normal dos serviços nestes dias, particularmente a sobrecarga dos profissionais de saúde, pelo facto de estes viverem em diferentes bairros da cidade e província de Maputo, algo que levou a duplicação de turnos.
“Por essa razão os turnos de 12 horas tiveram que fazer 24 horas e das 24 fizeram 48 horas, concretamente nos dias 24, 25, sábado e domingo devido às enchentes nos Serviços de Urgências”, disse.
Normalmente a hora de pico tem sido entre as 11h00 e 12h00, mas nestes dias as enchentes se verificam a partir das 07h00. Contudo, hoje estão presente cerca de 90% dos nossos colaboradores para responderem à demanda, porque muitos pacientes aproveitam os dias sem tumultos para cuidarem da sua saúde”, explicou.
“Até então, ainda não registamos nenhum caso de lesão dos nossos colaboradores, principalmente devido ao arremesso de pedras contra as nossas ambulâncias nos dois dias de tumultos, onde apenas uma teve os vidros danificados, o que condicionou a circulação de outras ambulâncias”, concluiu.
(AIM)
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