
Maputo, 14 Nov (AIM) – O posto fronteiriço de Ressano Garcia, província de Maputo, sul de Moçambique, está a funcionar de forma condicionada devido as manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, que reclama uma alegada fraude das eleições gerais de 09 de Outubro último.
Concentrados a escassos metros da fronteira, os manifestantes bloquearam o acesso, desde quarta-feira (13), impedindo a circulação de viaturas, que chegam a perfilar por uma distância superior a 15 quilómetros.
Assim, apenas é permitida a entrada e saída de pedestres de Moçambique à África do Sul, e vice-versa.
Num breve contacto telefónico estabelecido hoje com a AIM, o porta-voz do Serviço Provincial de Migração de Maputo, Juca Bata, disse estar em curso negociações entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e os manifestantes para convencê-los a abandonar a estrada.
Durante a negociação, os manifestantes disseram que se as autoridades policiais usarem a força para retirá-los, poderão incendiar a Central Térmica de Ressano Garcia, os postos policiais locais, e outras instituições públicas e privadas em redor da fronteira.
“Até a esta hora [18h23, hora de Moçambique] os manifestantes estão no meio da estrada, sentados nas cadeiras e mesas, alguns a beber cervejas, refrescos; Existe um forte contingente policial a proteger as instalações e a tentar negociar com eles”, disse Bata.
Afirmou que ao atravessar a fronteira, os pedestres seguem todos os protocolos exigidos, nomeadamente, apresentação do passaporte e respectivo visto.
Os manifestantes desbloquearam a fronteira às 03h00 de hoje para permitir a entrada e saída de viaturas, incluindo camiões que transportam mercadorias para o mercado moçambicano.
Às 12h00, voltaram a carga, impedindo a circulação transfronteiriça de qualquer tipo de veículo.
Reconhece que a medida tomada pelos manifestantes está a impactar negativamente nas receitas produzidas na fronteira em Moçambique.
“Com todas estas manifestações na fronteira, não há dinheiro que entra nos cofres do Estado para subsidiar o pagamento de outros bens e serviços estatais”, disse Bata, afirmando ser difícil prever a retoma da circulação de viaturas e camiões.
No entanto, no posto fronteiriço de Machipanda, entre Moçambique e o Zimbabwe, não há registo de protestos, pois o trânsito fluiu normalmente.
A calma também foi relatada nas cidades de Tete e Nampula.
A Autoridade Tributária de Moçambique afirma que aquele posto de travessia permite que o Estado arrecade, em média diária, cerca de 1,5 mil milhões de meticais (um dólar equivale a 63 meticais, ao câmbio corrente).
Desde meados de Outubro último, que Moçambique vive um clima de tensão devido às manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, apoiado pelo Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) um partido extraparlamentar.
Dos quatro candidatos presidenciais, o apuramento central dá vitória ao concorrente presidencial, Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder, que obteve 4.912.758 votos, o correspondente a 70,67 por cento.
Mondlane segue em segundo lugar com 1.412.511 votos (20,32 por cento). Em terceiro está Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, com 403.591 votos (5,81 por cento) e, no quarto, Lutero Simango, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que conseguiu 223.065 votos (3,21 por cento).
Mondlane tem feito comunicações, incluindo a convocação das manifestações, por via da sua conta na plataforma digital Facebook.
AC/sg