Maputo, 28 Nov (AIM) – O segundo dia das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, do partido PODEMOS, que rejeita os resultados preliminares das VII Eleições Presidenciais e Legislativas e as IV Eleições para as Assembleias Provinciais de 09 de Outubro último, foi dramático na periferia da capital moçambicana Maputo.
Nas primeiras horas de hoje, no Mercado Grossista do Zimpeto, junto à estrada Nacional número 1 (EN1), os manifestantes fecharam o troço às 08h00, interrompendo o trânsito rodoviário naquele local até as 16h00 alegadamente em cumprimento das instruções de Venâncio Mondlane.
Em resposta, a Polícia da República de Moçambique (PRM) foi chamada a intervir para reabrir o troço. Foi precisamente nessa altura que um jovem foi atingido por uma bala perdida.
O incidente criou um grande alvoroço, exacerbando os ânimos dos manifestantes que decidiram se deslocar aos postos policiais localizados dentro do Mercado Grossista do Zimpeto para pedir explicações.
Numa verdadeira confrontação com as autoridades, os manifestantes vandalizam os dois postos policiais e de seguida atearam fogo, reduzindo a cinzas. Os mesmos apoderam-se de alguns artigos que lá se encontravam, incluindo uma arma de fogo.
Os confrontos duraram perto de uma hora, antes de amainarem os ânimos.
No bairro de Luís Cabral, concretamente do lado da Estrada Nacional Número 4 (EN4), que liga a cidade de Maputo a Witbank na vizinha Africa do Sul, os ânimos estiveram exacerbados entre os manifestantes e a Unidade de Intervenção Rápida da PRM que disparava gás lacrimogénio para dispersar os manifestantes.
Face a escalada de tensão naquele ponto, as Forças Armadas intervieram para apaziguar o ambiente no local e convencer os manifestantes a removerem barricadas na via, incluindo pneus em chamas.
Ainda no mesmo bairro, um oficial da polícia, a paisana terá efectuado disparos, tendo sido perseguido pelos manifestantes. Como forma de evitar o pior, o agente da PRM em causa, abandonou a viatura em que se fazia transportar para buscar apoio aos seus colegas.
Os manifestantes apoderaram-se da sua viatura que acabou sendo levada para algures, bem como de seus bens.
Num ambiente de terror, na Avenida Acordos de Lusaka, no mercado de Xiquelene, vários manifestantes concentraram-se na praça local, impedindo a circulação de viaturas, incluindo da polícia e do exército, por vezes obrigando os automobilistas a entoarem canções que guiam a sua causa. Neste local, a polícia decidiu evitar confrontos com os manifestantes, retirando-se do local, factor que evitou danos.
Já no bairro do Jardim, concretamente na Avenida de Moçambique, a circulação de viaturas estava interrompida, com os manifestantes sentados no meio da estrada.
No centro da cidade, as avenidas Eduardo Mondlane, Karl Marx, Guerra Popular, 24 de Julho, voltaram a ficar intransitáveis, com os manifestantes a deambularem pelas vias e intimidando que ousasse tentar fazer uso das mesmas.
O comércio voltou a funcionar a meio gás, e as instituições públicas e privadas também registaram uma fraca afluência de utentes.
O transito voltou a fluir quando eram precisamente 16h00. A situação criou um forte congestionamento porque os automobilistas queriam regressar às suas residências com a maior brevidade possível.
(AIM)
PC/sg