Maputo, 26 Nov (AIM) – Cerca de 140 mulheres e raparigas morrem diariamente, no mundo inteiro, a maioria das quais vítimas de violência perpetrada pelos próprios familiares.
Aliás, estima-se que uma em cada três mulheres sofre de violência física ou sexual num determinado país ou comunidade.
“A situação está piorando, por causa de conflitos, clima de fome, desigualdades, violência sexual que estão sendo usados como uma arma de guerra”, disse a coordenadora residente das Nações Unidas, Catherine Sozi”, segunda-feira (25) em Maputo, no lançamento da campanha dos 16 dias de activismo contra a violência de género, orientada pelo vice-ministro Género, Criança e Acção Social.
Informou que, nos últimos anos, leis estão sendo revogadas. Enquanto isso, os defensores dos direitos humanos e das mulheres são alvos de ameaças.
Por isso, Sozi defende que urge uma acção urgente para a reposição da justiça, responsabilização e apoio a advocacia.
“Devemos todos os dias encorajar aqueles que defendem a prevenção e combate à violência contra a mulher e rapariga”, disse.
Referiu que as Nações Unidas reiteram seu apoio às entidades que lutam no combate a este mal.
Por seu turno, a Presidente do Fórum Mulher, Rafa Valente Machava anunciou que a instituição que dirige se junta à cerimónia de lançamento da referida campanha.
“Nós, como Fórum Mulher, sentimos que estamos a recuar nesta questão de luta contra a violência praticada contra a mulher. Nós não nascemos para que os homens nos matem como galinhas. Todas as mulheres que são violentadas tudo parte da família”, disse Rafa Machava.
“Nós gostaríamos de revisitar as nossas estratégias, há um distanciamento entre instituições e a sociedade civil “, referiu.
Sublinha que é triste ver uma criança apedrejar um adulto até a morte.
“Uma criança que com uma pedra mata uma pessoa, desculpe temos que voltar a família, a nossa essência para dizer que não a violência”, disse
Por outro lado, entende ser importante educar os professores a não reparar as crianças como isca, há crianças que são violentadas dentro das igrejas.
Laurinda Juma, activista social, de 22 anos de idade, disse ter sido vítima de violência no seio familiar dos 4 aos 7 anos.
“Fui violentada na minha própria família, foi no activismo social onde encontrei espaço seguro, as palestras que eu dava nas escolas, encorajando outras meninas a denunciar, sofri de esquizofrenia e trauma, hoje tenho uma psiquiatra, psicóloga e terapêutica que me ajuda a curar a ferida”, disse Juma.
Outra vítima de violência, identificada apenas por Rute, enalteceu a Policia da Republica de Moçambique (PRM), que ajudou a livrar-se da violência.
Conta que a sua mãe vendia droga e por vezes obrigava-a a fazer o mesmo. “Fui batida, apertada o pescoço e acusada de ser feiticeira. Graças aos vizinhos que me aconselharam a fazer denúncia na 5ª Esquadra do Alto Maé, nem todos polícias atendem mal, disse Rute.
Por isso, apela a outras mulheres para não se deixarem intimidar e fazer denúncia às autoridades.
(AIM)
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