
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, recebe em audiência Sydney Mufamadi, enviado especial do homólogo sul-africano, Cryil Ramaphosa
Maputo, 27 Dez (AIM) – O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, manifestou sexta-feira (27) a sua disponibilidade para ajudar Moçambique na busca de soluções para ultrapassar a crise pós-eleitoral que se instalou em Moçambique, marcada por manifestações violentas.
As manifestações são convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial vencido do partido Podemos, que contesta os resultados das VII eleições gerais, presidenciais, legislativas e IV das Assembleias do dia 09 de Outubro passado, que deram vitória ao partido Frelimo e seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Num briefing à imprensa, minutos após o término de um encontro mantido com o Presidente da República, Filipe Nyusi, o enviado especial do Presidente sul-africano, Sydney Mufamadi, destacou a importância da busca de uma solução pacífica e sustentável para a actual crise em Moçambique.
“As discussões que nós tivemos foram longas porque abordamos, com mais pormenor, de forma detalhada, para compreendermos a natureza das questões e vermos o papel que países como África do Sul podem desempenhar para ajudar a encontrar uma solução pacífica e sustentável”, disse.
Há perto de três meses que Venâncio Mondlane tem convocado, através da sua página de Facebook, manifestações para protestar os resultados eleitorais, cujo veredicto final foi divulgado segunda-feira (23) em Maputo, pela presidente do Conselho Constitucional (CC) Lúcia Ribeiro.
O acórdão do CC, órgão soberano e deliberativo, em última instância, de matérias jurídico-constitucionais e de contencioso eleitoral, confirmou a vitória da Frelimo, partido no poder, e seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Os protestos incluem a paralisação de algumas fronteiras, interrupção do trafego rodoviários, destruição de infra-estruturas, entre outros.
A crise também afecta severamente os países vizinhos, sobretudo aqueles sem acesso ao mar, incluindo a Africa do Sul, Zimbabwe, Malawi e Zâmbia.
Aliás, as autoridades sul-africanas estimam que o encerramento da fronteira de Ressano Garcia, na província meridional de Maputo, resulta na perda de um montante superior a 10 milhões de randes por dia para os empresários daquele país vizinho.
“O resultado do nosso encontro, das nossas discussões, da nossa interacção, e tudo quanto falamos, vai ser transmitido ao nosso Presidente da República”, disse Mufamadi.
Acrescentou que por seu turno, “o Presidente Nyusi vai abordar o assunto com os líderes moçambicanos, também para no fim podermos encontrar os passos subsequentes que devem ser dados para que se possa fazer face a esta situação”.
No encontro, Mufamadi fez saber que a fronteira constitui uma intrínseca ligação entre ambos países porque as suas economias estão entrelaçadas.
“Como vocês sabem existe, entre os povos moçambicano e sul-africano, do ponto de vista económico, existe uma interligação muito forte. As suas economias estão entrelaçadas. Nós temos aspectos muito comuns em termos de economia ou em termos de cidadãos que fazem economia nos nossos países”, destacou.
Realçou que o que acontece em Moçambique afecta aos sul-africanos de forma muito concreta e material.
“Como diz o Presidente Ramaphosa, não temos qualquer opção senão tornar este fardo muito pesado, um pouco mais leve, partilhando-a com Moçambique”, sumarizou o enviado.
(AIM)
AC/sg