
Filipe Nyusi, antigo Presidente da República (direita), saúda o Chefe de Estado recém-eleito, Daniel Chapo
Maputo, 15 Jan (AIM) – O antigo presidente da República, Filipe Nyusi, afirma que as restrições orçamentais impostas pelos financiadores externos, ataques terroristas na província de Cabo Delgado, tensão política militar na zona centro do país e desastres naturais, influenciaram negativamente a sua governação durante os últimos 10 anos.
“É importante lembrar que juntos enfrentamos desafios de dimensão histórica, incluindo desastres naturais que causaram a morte de centenas de compatriotas, destruição de infra-estruturas que afectaram sectores estratégicos da nossa economia, incluindo tensão militar na zona centro, uma guerra civil que condicionou o desenvolvimento económico e social de todo país”, disse.
Nyusi falava hoje (15), na praça da independência em Maputo, minutos após a entrega dos símbolos da República ao Presidente eleito Daniel Chapo.
Apontou o terrorismo e extremismo violento, flagelos que causaram milhares de mortos e um movimento massivo de deslocados, como alguns factores que condicionaram investimentos nacionais e internacionais.
A pandemia da Covid-19 foi outro nó de estrangulamento que levou o executivo moçambicano a dirigir os recursos financeiros para conter a propagação da doença.
“Com trabalho abnegado, determinação e empenho de todos moçambicanos, conseguimos enfrentar e superar essas dificuldades que foram enormes obstáculos, essa capacidade de resistir. Não posso deixar de render a minha singela homenagem ao povo moçambicano. Foi este povo que eu chamei de meu patrão, que tive o privilégio de dirigir”, referiu.
Ressalvou que no seu recente balanço da sua governação, referente aos últimos 10 anos, apresentado na Assembleia da República (AR), relembrou as principais realizações nos domínios nos domínios da paz, reconciliação nacional e conquistas diplomáticas que contribuíram para o país granjear respeito no seio da comunidade internacional.
Destacou as acções desenvolvidas no sector de prevenção e gestão de risco e desastres naturais, particularmente, projectos nas áreas de infra-estruturas sociais e de serviços.
Anunciou que os progressos na área de exploração de hidrocarbonetos, constitui uma das várias conquistas da sua governação, tendo como principal protagonista do sucesso, o povo moçambicano.
Segundo Nyusi, os parceiros de desenvolvimento nacionais e estrangeiros, deram enorme contributo para o crescimento económico, criação de mais postos de emprego, devido a forma como assumiram a causa do povo moçambicano.
O diálogo entre o então, ex-líder da Renamo, Afonso Dlakhama, mais tarde com actual líder, Ossufo Momade, resultou em acordos de cessação de hostilidades na região centro do país.
“Seria injusto se neste momento da minha despedida não recordasse do estimado apoio do ex-líder da Renamo, meu irmão Afonso Dlakhama e o papel assumido pelo irmão Ossufo Momade, juntos encontramos processos, colocando o povo e o país na agenda central, acima dos nossos interesses pessoais e partidários”, disse Nyusi.
A cessação das hostilidades permitiu ao governo e a Renamo, com o apoio dos amigos de Moçambique, concluir o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
“Sua Excelência Daniel Francisco Chapo, o povo moçambicano, conferiu legitimidade não apenas a um novo dirigente, mas a um projecto de esperança dos moçambicanos. Será esse moçambicano que irá abraçar a todos sem qualquer distinção, será ele que irá costurar às feridas, o meu apelo é que nos unamos a volta do nosso presidente e o seu programa”, disse.
Quanto ao diálogo entre o presidente da república e os partidos políticos com assento na Assembleia da República, Nyusi enfatizou que tudo fará para que o mesmo prevaleça.
Enalteceu a SADC pelo seu apoio no combate ao terrorismo, particularmente as Forças de Defesa do Ruanda, que têm apoiado o país na luta contra o terrorismo e extremismo violento em alguns distritos da província de Cabo Delgado.
Aproveitou a oportunidade para pedir o apoio da Comunidade Internacional para o novo chefe do Estado moçambicano.
(AIM)
MR/sg