Maputo, 22 Fev (AIM) – As bancadas da Frelimo, partido no poder em Moçambique, e da Renamo, o maior da oposição, divergem quanto a busca de soluções para acabar com os ataques terroristas que recentemente recrudesceram em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.
Discursando hoje em Maputo, na abertura da IX sessão ordinária da AR (Assembleia da Republica), o chefe da bancada parlamentar da Frelimo, Sérgio Pantie, disse que os ataques protagonizados pelos terroristas pretendem, mais uma vez, criar instabilidade em Cabo Delgado, por ser rica em recursos minerais.
A fonte sublinhou que Moçambique detém a terceira maior reserva mundial de gás natural.
Os ataques, segundo Pantie, visam impedir o processo de desenvolvimento do país.
“É fundamental que, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, independentemente da nossa filiação política e ideológica, estejamos juntos e unidos, na busca da paz e sossego das nossas populações”, afirmou.
Por isso, Pantie apela uma maior vigilância e denuncia às autoridades qualquer tipo de movimentação estranha no seio das comunidades.
O chefe da bancada da Frelimo na AR encorajou as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) que, juntamente com as tropas do Ruanda e da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), combatem o terrorismo em Cabo Delgado.
“É de justiça que homenageemos os comandantes e capitães e soldados que têm conduzido, com mestria, estes valentes jovens militares”, vincou Pantie.
Por seu turno, o chefe da bancada parlamentar da Renamo na AR, Viana Magalhães, disse que o recrudescimento dos ataques terroristas em Cabo Delgado deve-se a aproximação do fim do mandato do governo, que completa cinco anos em Janeiro de 2025.
Com o recrudescimento dos ataques terroristas, segundo Magalhães, há uma tentativa de anular a realização das eleições gerais, marcadas para 09 de Outubro próximo.
“Parece que as eleições incomodam a uma franja neste país. As acções demonstram claramente que se trata de mortes planificadas para pôr em pânico os moçambicanos, meter medo aos correligionários e agigantar-se a ideia de que o país está em guerra. Por isso não podemos ter eleições”, afirmou.
Magalhães disse ainda que o governo não traz nenhuma explicação para os moçambicanos sobre o recrudescimento dos ataques terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado.
“Estamos a assistir em Cabo Delgado uma guerra que não tem explicação por parte do governo”, acrescentou.
No entanto, falando em conferência de imprensa havida quarta-feira (21), em Pemba, capital de Cabo Delgado, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que as FDS repeliram, recentemente, várias tentativas de ataque dos terroristas para o recrutamento compulsivo de jovens para engrossar as fileiras.
Prevê-se que a IX sessão ordinária da AR encerre a 30 de Maio próximo.
(AIM)
Ac/mz