
Laura Ballarin Cereza Chefe da missao de observadores da Uniao Europeia. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 31 Jan (AIM) – A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia em Moçambique (MOE-UE) acredita que apenas um diálogo político, incluindo todos os actores políticos, particularmente o ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane, poderá acabar com os tumultos que se registam no país.
Esta é a asserção da chefe da MOE-UE em Moçambique, Laura Ballarin, proferida em conferência de imprensa havida hoje (31) em Maputo, que visava apresentar o Relatório Final, no âmbito da realização das VII eleições presidenciais, legislativas e das IV para as assembleias provinciais, ocorridas a 09 de Outubro último.
“A nossa mensagem para todos os actores políticos é a mesma que eu disse, que o diálogo político pode trazer uma solução política pacífica para Moçambique, mas deve ser inclusivo e incluir todos os actores políticos deste país, e deve ter também Venâncio Mondlane nesta mesa”, disse.
Ballarin não especificou quando é que se deve incluir Venâncio Mondlane no diálogo político em curso.
Iniciado em Dezembro, pelo ex-Presidente da República, Filipe Nyusi, o diálogo político visa buscar soluções para a crise que se instalou no país após as eleições de 09 de Outubro último.
Actualmente, o grupo do diálogo é composto pelo Chefe do Estado, Daniel Chapo; presidentes, do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) Albino Forquilha; da Renamo, Ossufo Momade; do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) Lutero Simango; e da Nova Democracia (ND) Salomão Muchanga.
Os partidos, que incluem a Frelimo, são os cinco mais votados no escrutínio.
O grupo está na elaboração dos Termos de Referência que deverão guiar as sessões.
A crise tem sido caracterizada por manifestações violentas e destruição de bens públicos e privados, promovidas por apoiantes do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama vitória nas presidenciais.
No entanto, o relatório final da MOE-UE afirma igualmente que durante o processo de votação, embora não tenha observado falhas sistemáticas, a fase subsequente de contagem careceu de transparência e de salvaguardas suficientes para garantir a integridade da contagem.
O processo de contagem foi complicado e ineficiente, com observadores da UE a relatarem a invalidação deliberada de votos da oposição, casos de alteração fraudulenta dos resultados eleitorais a favor do partido no poder, indícios de preenchimento das urnas e casos de eleitores não encontrados nos cadernos de eleitores da sua mesa de voto.
“Em geral, o processo de apuramento foi marcado pela falta de transparência e consistência na implementação dos procedimentos”, lê-se no documento.
Juridicamente, o processo eleitoral findou com a incineração de todos os boletins de voto utilizados durante o acto.
A conferência de imprensa da MOE UE marcou, igualmente, o fim da Missão em Moçambique.
(AIM)
Ac/sg