
Deslocados moçambicanos no Malawi. Imagem UNHCR
Maputo, 01 Fev (AIM) – Mais de 7.330 deslocados moçambicanos que se refugiaram no Malawi desde a eclosão dos protestos pós-eleitorais violentos no país beneficiaram de assistência humanitária do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).
A assistência humanitária inclui 72 toneladas de produtos alimentares e 650 de bens, para um pouco mais de três mil famílias, oriundos das províncias da Zambézia e Tete que abandonaram as suas zonas de residência a procura de abrigo seguro naquele país vizinho.
Os refugiados queixam-se de perseguições e ameaças que com recurso a armas brancas, bem como a destruição de suas residências destruídas.
O pico da imigração dos moçambicanos ao Malawi registou-se a 23 de Dezembro passado, após o anúncio dos resultados do escrutínio de 09 de Outubro do ano transacto.
Cada uma das famílias que chegou a Malawi recebeu Kwachas malawianas, correspondente a 250 meticais, (o correspondente a 6.799 MK), para suprir as despesas básicas. Também receberam alimentos e outros produtos não alimentares, mas não eram suficientes para todos.
“Quando nós chegamos aqui, no domingo (29), recebemos 25 quilos de milho e também 250 meticais em Kwachas. Já não tínhamos nada para comer, agradecemos imenso pelos alimentos que estão a nos dar”, disse Marcelo Francisco.
O INGD foi confrontado com a escassez de quase tudo. A deslocação da presidente do INGD ao Malawi, Luísa Meque, serviu para a comunidade moçambicana refugiada naquele país apresentar as suas preocupações. Falaram de materiais de higienização para as mulheres e famílias, alimentos sanitários, roupas e vários outros bens, como sendo as principais preocupações.
Luísa Meque reconheceu a fase difícil da vida que os deslocados estão a atravessar, razão pela qual que levou o Governo moçambicano a estender a sua mão solidária.
“Realmente a situação que vos levou para virem parar aqui não é das melhores. É difícil saber que estamos a ser perseguidos para vandalizarem as nossas casas, por isso é que vocês se refugiaram aqui. Por isso a preocupação do nosso governo, por saber que tínhamos irmãos aqui no Malawi, fez esforço para trazer este apoio aqui ao centro”, disse Meque.
Acrescentou que, “os esforços em termos de produtos alimentares, nesta primeira fase temos arroz, farinha, feijão, sal, trouxemos também mantas e redes mosquiteiras. Este é o apoio imediato porque sabemos que os nossos irmãos saíram pela situação em que se encontra o país para refugiar-se aqui no Malawi”.
Já o alto-Comissário de Moçambique no Malawi, Alexandre Manjate pediu aos refugiados para se prepararem para retornarem às suas zonas de origem, pois o executivo moçambicano já estava a trabalhar para o efeito, uma petição que foi aceite pelos deslocados.
Manjate disse que a ajuda que chegou ao país para os refugiados é bem-vinda. Garantiu que a saúde dos moçambicanos é estável.
“A saúde dos moçambicanos no Malawi é boa em termos gerais. É um fato que há situações desafiantes, típicas de um país como o Malawi, às vezes temos que saber equilibrá-los, ajudá-los, conviver com eles e escoltá-los. Um dos grandes desafios que eles têm, de facto, é a falta de recursos”, avançou Manjate”, avançou.
“Muitas vezes temos que trabalhar juntos no sentido de encorajá-los a desenvolver actividades que permitam que tenham uma base sustentável, na diáspora como um todo”, vincou.
Salientou que o apoio do governo de Moçambique chegou numa hora certa, porque andavam sempre a trabalhar com eles, mas sempre reclamavam que há um défice alimentar, “há questões de saúde, de material de limpeza, e agora chegou, sabemos que não é tudo, mas consegue cobrir uma boa parte das necessidades que eles têm”.
Manifestado o interesse de voltar às zonas de origem, segue a triagem do registo das famílias não inscritas para o processo de evacuação para as suas zonas de proveniência.
(AIM)
FG/sg