
Posto policial no Bairro de Ndlavela na Matola, destruido durante as manifestacoes pos eleicoes. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 17 Fev (AIM) –A Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) adverte os seus clientes que os danos materiais decorrentes das manifestações pós-eleitorais violentas, desencadeadas há cinco meses, não têm nenhuma cobertura, salvo para alguns casos excepcionais.
“À luz da apólice, as manifestações causadas por eventos políticos não são cobertos. No entanto temos algumas excepções de algumas instituições que contrataram, de forma excepcional, a cobertura desses eventos. Mas, de forma geral, não são cobertos”, disse o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da EMOSE, Janfar Abdulai.
Abdulai proferiu estas declarações num breve contacto com jornalistas, hoje em Maputo, minutos após a cerimónia de abertura da 34ª reunião nacional de gestores e quadros da EMOSE, um evento de dois dias em curso na capital moçambicana Maputo.
Convocadas pelo ex-candidato presidencial derrotado, Venâncio Mondlane, as manifestações violentas pós-eleitorais surgem em protesto aos resultados das VII eleições presidenciais que tiveram lugar a 09 de Outubro último, que deram vitória ao candidato Daniel Chapo, que, há um mês, foi investido como o 5º Presidente da República.
Denominada de “fase V8 das manifestações violentas”, os estragos perpetrados por “supostos manifestantes” vandalizaram quase tudo a sua volta, incluindo instituições e infraestruturas públicas e privadas, tais como esquadras, postos policiais, hospitais, ambulâncias, escolas, creches, mercados, lojas, supermercados, instituições bancárias, viaturas de particulares, portagens, mercadorias, sistemas de tratamento de água.
Dados oficiais apontam que os estragos causaram um prejuízo calculado em 200 milhões de meticais (um dólar equivale a 63 meticais, ao câmbio do dia) à empresa Águas da Região de Maputo.
As manifestações provocaram igualmente, prejuízos calculados em mais de 30 milhões de meticais a Empresa Municipal dos Transportes Rodoviários de Maputo.
Mais de 40 armazéns foram vandalizados e pilhados por populares. Por isso, já se faz sentir a escassez de produtos alimentares, sobretudo o arroz, nas regiões do sul do país.
Ao todo, o sector privado registou um prejuízo calculado em 24,8 mil milhões de meticais.
No entanto, o PCA da EMOSE revelou ter alguns clientes que submeteram a cobertura de seguros, incluindo um banco.
“Acho que não seria cordial estar a dizer quem é, mas temos alguns clientes excepcionais, uma instituição financeira que contratou (a EMOSE) por temer este evento”, disse.
Aliás, durante o discurso, Abdulai disse que a reunião vai discutir, além de outros eixos, o plano de recuperação pós-conflitos eleitorais, medidas concretas para consolidar a confiança dos clientes, parceiros e stakeholders.
Criada em Janeiro de 1977, retendo 80 por cento do Estado, e 20 por cento dos trabalhadores, a EMOSE detém várias participações no capital social de empresas nacionais, destacando a Cimentos de Moçambique; Sociedade Notícias; Sociedade de Desenvolvimento do Corredor de Maputo.
A EMOSE possui uma carteira de seguros com mais de 200.000 apólices.
Além de ter liderado diversos projectos técnicos que culminaram com a efectivação de vários seguros de grande engenharia, nomeadamente, a construção das barragens de Corrumana e Pequenos Libombos (província meridional de Maputo); montagem de linhas de alta tensão Centro-Norte do país; Electrificação e Expansão das Redes Rurais; Projecto Motraco, a EMOSE segura uma vasta frota de navios, aviões, automóveis, e outros sinistros.
(AIM)
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