
Mercado Grossista do Zimpeto. Foto de Carlos Júnior
Maputo, 18 Fev (AIM) – As manifestações populares que nos últimos dias têm ocorrido nas principais cidades moçambicanas, sobretudo na região sul, estão a prejudicar o governo na tomada medidas assertivas para reduzir o custo de vida para os cidadãos.
O facto foi avançado pelo porta-voz do governo, Inocêncio Impissa, durante o habitual briefing à imprensa, minutos após o fim da 5ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, que teve lugar hoje em Maputo.
“Hoje não se pode realizar determinadas actividades porque nós mesmos cidadãos optamos em manifestar e destruir tudo; decidimos parar e saquear bens de um indivíduo que está a transportar peixe para colocar à disposição de uma loja, de um armazém”, disse Impissa, que igualmente é ministro da Administração Estatal e Função Pública.
Convocadas pelo ex-candidato presidencial derrotado, Venâncio Mondlane, as manifestações violentas pós-eleitorais surgem em protesto aos resultados das VII eleições presidenciais que tiveram lugar a 09 de Outubro último, que deram vitória ao candidato Daniel Chapo, que, há mais de um mês, foi investido como o 5º Presidente da República.
Nos últimos meses, os manifestantes tendem a exigir a redução do preço de produtos básicos de consumo, electrificação das suas regiões e povoações. Como forma de pressionar o governo, os protestantes acabam barricando as principais estradas e, deste modo, impedindo a livre circulação de pessoas e bens.
Impissa explica que o bloqueio de estradas, vandalização de postes da rede eléctrica nos povoados que já se beneficiam da rede, destruir escolas, centros de saúde, instituições bancárias, não vai ajudar em reduzir o custo de vida.
“Infelizmente, este modelo, esta atitude não vai ajudar absolutamente qualquer medida que vai sendo tomada [pelo governo]”, disse Impissa, apelando a todos cidadãos moçambicanos a cooperarem com o Executivo para que as soluções governamentais sejam mais eficazes e exequíveis.
“Estas medidas que o governo tem estado a adoptar, a tomar, e ainda aquelas que vai tomar e bem tomadas, enquanto não houver produto disponível nas lojas, nos armazéns, nas grandes superfícies, ninguém poderá ter acesso [aos produtos] e os poucos que tiverem vão vender a um preço especulativo”, explicou.
Segundo o porta-voz, não é possível reduzir o preço de um produto que não existe no mercado.
“Eu penso que a sociedade devia sim pensar sobre estas matérias e ver como é que juntos podemos caminhar para o desenvolvimento. Todos estamos aflitos, a juventude não está muito bem, mas precisamos de lutar juntos para criar mais empresas, mais possibilidades, mais formação”, disse.
Revelou que, no Plano de Governação dos 100 dias, o governo já concluiu um centro de Formação que vai prestar uma relevante ajuda aos jovens terem habilidades de desenvolver os seus próprios empregos e, por via disso, sustentar as suas famílias.
Refira-se que as manifestações violentas atingiram o pico na denominada de “fase V8”, com supostos manifestantes vandalizando tudo a seus redor, incluindo instituições e infra-estruturas públicas e privadas, tais como esquadras, postos policiais, hospitais, ambulâncias, escolas, creches, mercados, lojas, supermercados, instituições bancárias, viaturas de particulares, portagens, mercadorias, sistemas de tratamento de água.
Dados oficiais apontam que os estragos causaram um prejuízo calculado em 200 milhões de meticais (um dólar equivale a 63 meticais, ao câmbio do dia) à empresa Águas da Região de Maputo.
As manifestações provocaram igualmente, prejuízos calculados em mais de 30 milhões de meticais a Empresa Municipal dos Transportes Rodoviários de Maputo.
Mais de 40 armazéns foram vandalizados e pilhados por populares. Por isso, já se faz sentir a escassez de produtos alimentares, sobretudo o arroz, nas regiões do sul do país.
Ao todo, o sector privado registou um prejuízo calculado em 24,8 mil milhões de meticais.
(AIM)
Ac/sg