
Maputo, 26 Fev (AIM) – As manifestações violentas que ocorrem nas principais cidades moçambicanas podem ser equiparadas aos ataques terroristas que nos últimos meses tendem a reduzir em alguns distritos da província setentrional de Cabo Delgado.
O facto foi avançado hoje (26) na península de Afungi, distrito de Palma, em Cabo Delgado, pelo Presidente da República, Daniel Chapo, que sublinhou que a diferença entre ambos grupos é que uns actuam nas cidades, e outros no mato.
“Hoje, aquilo que está a acontecer aqui em que os terroristas atacam barracas e mercados, quando a logística está mal, quando querem se salvar, ou quando estão quase a morrer a fome, está a acontecer nas nossas cidades. Estão a atacar barracas de pessoas, queimar bombas de combustível; queimar armazéns, incluindo de medicamentos, queimar tudo aquilo que pertence à população, escolas, hospitais, todas estas coisas. Não têm diferença com aquilo que está a acontecer aqui, no Teatro Operacional Norte”, disse Chapo, que igualmente é Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
As manifestações violentas equiparam-se ainda ao que aconteceu no prenúncio do conflito armado dos 16 anos, que se seguiu dois anos após a proclamação da independência nacional, em Junho de 1975, proferida pelo primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel.
“Estamos dispostos a continuar a trabalhar e esclarecer a nossa população sobre o que está a acontecer, que o objectivo é, mais uma vez, aquele que aconteceu durante a guerra dos 16 anos, o objectivo é mais uma vez, aquilo que está acontecendo no Teatro Operacional Norte”, vincou.
As manifestações violentas trouxeram um evangelho de ódio entre os moçambicanos, facto que, segundo Chapo, veio instalar o terrorismo urbano.
Queimar esquadras da Polícia da República de Moçambique (PRM), roubar armas de fogo para, à posterior, efectuar ataques às populações, usando, de acordo com Chapo, os grupos de naparamas, que constitui a terceira ameaça.
Segundo Chapo, a primeira ameaça são os terroristas em Cabo Delgado, a segunda, os manifestantes.
Os naparamas reconhecidos pelo Estado moçambicano, explicou o Presidente, são os que defendem as populações de todas e quaisquer ameaças.
Chapo afirma que os manifestantes aproveitam-se das VII eleições gerais e IV para as assembleias provinciais para perpetrar actos macabros nas populações.
Durante as manifestações violentas desencadeadas após a realização das eleições de 09 de Outubro de 2024, pelo menos 19 fábricas e indústrias foram destruídas.
No mesmo período, as manifestações violentas convocadas pelo candidato presidencial derrotado, Venâncio Mondlane, resultaram na destruição de 177 escolas, 23 armazéns comerciais, 1.677 estabelecimentos comerciais e 13 farmácias, entre outras infraestruturas.
Os manifestantes também destruíram 27 unidades sanitárias, 23 ambulâncias, 293 edifícios públicos, 176 postos de rede de energia eléctrica, 12 postos de transformadores eléctricos e 58 torres de comunicações.
Acresce ainda a destruição de 220 veículos do governo, 164 casas governamentais, 108 casas de cidadãos particulares e centenas de veículos, também de particulares.
Cálculos recentes da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) referem que as manifestações custaram cerca de 504 milhões de dólares à economia do país, e a perda de mais de 17 mil empregos desde Outubro último até Janeiro do presente ano.
Chapo termina hoje a sua visita de três dias a Cabo Delgado.
(AIM)
Ac/mz