
Maputo, 01 Abr (AIM) – Uma Missão de Solidariedade das Mulheres Líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para com as Mulheres e o Povo de Moçambique defende a necessidade de troca de experiências com as mulheres vítimas das manifestações violentas que iniciaram dias depois da realização das VII eleições presidenciais e legislativas e IV para as assembleias provinciais, a 09 de Outubro de 2024.
Durante o encontro que manteve hoje (01}, em Maputo, com as mulheres vítimas das manifestações violentas pós-eleitorais, a líder da Missão, Gertrude Mongella, afirmou que pretendem colher os momentos vividos por essas mulheres para se compilar políticas de eliminação das violações que ocorrem durante as manifestações pós-eleitorais nos países africanos, sobretudo em Moçambique.
Mongella, que também é Defensora Global dos Direitos da Mulher e de Políticas de Inclusão, disse ser necessário auscultar directamente às mulheres vítimas para melhor se elaborar políticas que possam ajudar a defendê-las em situações de conflitos eleitorais no mundo inteiro, particularmente no continente africano.
“Minhas irmãs, é melhor que nós nos unamos para ultrapassar as barreiras criadas durante os conflitos eleitorais no nosso continente. Em muitos países existem eleições e conflitos e quem mais sofre disso somos nós mulheres e crianças. Então, há necessidade de elaborarmos políticas que vão de acordo com o que nós queremos que sejam leis eleitorais em defesa das mulheres e crianças”, disse.
Mongella vincou a necessidade de prestar apoio psicossocial às mulheres vítimas das manifestações violentas, sem escusar o apoio financeiro que deve ser prestado pelo governo para as mulheres se recomporem diante das dificuldades criadas durante as ocorrências.
No encontro, a líder da Missão auscultou as mulheres que viveram “in loco” o pulsar das manifestações violentas, tendo ficado entusiasmada pela força aplicada por elas na recuperação do trauma causado.
Por seu turno, a activista social, Josina Machel, disse que o país caminha para uma paz duradoura com o Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo assinado entre os partidos políticos com assento nas Assembleias, da República, provinciais e municipais.
Fez saber que o Compromisso Político não deve ser apenas de partidos porque Moçambique é feito de outras forças, sejam organizações da sociedade civil, religiões, entidades culturais, entre outras.
“Eu acredito que irão trazer outras forças sociais para fazer com que o processo de análise seja profundo para que manifestações violentas não se repitam neste país. Então, nós, como indivíduos, temos também que participar e dar a nossa proposta”, afirmou.
Moçambique enfrenta uma grave crise política e social desencadeada pelas manifestações violentas pós-eleitorais convocadas pelo ex-candidato presidencial derrotado, Venâncio Mondlane.
Mondlane reclama vitória nas eleições presidenciais, ganhas pelo actual Presidente da República, Daniel Chapo, investido há pouco mais de dois meses e tendo já formado o seu governo.
A violência agravou a fragilidade das instituições do Estado, rompeu o tecido social e exacerbou a polarização política, tendo como meio de difusão as redes sociais digitais.
A nível internacional, particularmente na SADC, a situação retraiu o investimento de capital estrangeiro e afectou a logística nos portos, aeroportos e fronteiras, em particular as de Ressano Garcia, província meridional de Maputo, e Machipanda, província central de Manica.
O Compromisso Político, liderado pelo Presidente da República, Daniel Chapo, congrega sete partidos assinantes do documento, e inclui conversações com o segundo candidato mais votado nas últimas eleições presidenciais, Venâncio Mondlane.
A participação e a liderança das mulheres devem ser reconhecidas e aceites como nucleares para a construção da paz e segurança efectivas, integrando a dimensão da igualdade de género em todos os níveis de decisão, no espírito da Resolução 13-25 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de que Moçambique é signatário, e demais instrumentos normativos nacionais e internacionais.
(AIM)
Ac/mz