
Manifestantes incendeiam autocarro da empresa privada Lalgy
Maputo, 07 Abr (AIM) – Os líderes de partidos da oposição em Moçambique são unânimes em repudiar a tentativa de normalização da desordem pública, perturbação da circulação normal de pessoas, bens e serviços devido ao seu um impacto directo negativo na vida das pessoas.
A mensagem de repúdio foi expressa hoje (07) pelo representante dos partidos da oposição, Alberto Pereira, durante a cerimónia de lançamento da chama da unidade nacional, evento dirigido pelo Chefe do Estado, Daniel Chapo, que teve lugar no distrito de Nangade, província setentrional de Cabo Delgado.
Pereira, que na cerimónia falava em representação do líder da oposição e presidente do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Albino Forquilha, destacou que a luta pela alternância do poder soberano, como políticos e cidadãos em simultâneo, e como homens de boa-fé e guiados pelo espírito de boa vontade e amor incondicional à pátria, é inconcebível engrenar nas práticas subversivas a ordem pública.
“Por isso, como povo unido na diversidade, precisamos de acabar com as constantes instabilidades e crises, sobretudo eleitorais em Moçambique; precisamos de evitar que se causem mais danos materiais e humanos”, disse Pereira.
Como forma de pôr fim às manifestações, a 05 de Março passado, os presidentes e secretários-gerais dos partidos com assentos na Assembleia da República (AR) o parlamento moçambicano, e nas assembleias provinciais e municipais assinaram o Compromisso Político para um Diálogo Nacional e Inclusivo.
A AR viabilizou, por unanimidade, o Compromisso Político para um Diálogo Nacional e Inclusivo em lei. O documento visa contribuir para uma maior estabilidade política e acelerar o desenvolvimento económico no país.
“Nós, os partidos políticos da oposição aqui presentes, acreditamos na democracia, acreditamos que apenas o diálogo político nacional, franco e inclusivo, pode trazer entendimentos e soluções políticas duradouros, de forma pacífica para os grandes problemas que Moçambique atravessa”, disse Pereira.
Como homens, mulheres, crianças e adultos engajados e comprometidos num diálogo nacional inclusivo, segundo Pereira, é necessário devolver a paz, tranquilidade e desenvolvimento, pertinentes para a reafirmação e consolidação do Estado de Direito.
Pereira acredita ter chegado o momento de a oposição expressar de forma resoluta que basta aos fracassos anteriores, basta acordos incumpridos, reconciliação inconclusiva e democracia no papel.
Por isso, convida a todos actores da sociedade civil, políticos, as diferentes instituições e a sociedade moçambicana, a trabalharem em conjunto para um Moçambique melhor.
Rubricaram o Compromisso, a Frelimo, partido no poder; o PODEMOS, o maior partido da oposição; a Renamo, o segundo da oposição; o Movimento Democrático de Moçambique, o terceiro da oposição. Todos os quatro partidos têm assento na AR.
Assinaram igualmente o Compromisso, o partido Nova Democracia (ND); Partido de Reconciliação Nacional (PARENA); Partido Renovação Social (PARESO); Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO) e Revolução Democrática (RD).
Durante o evento, Chapo lançou a chama da unidade nacional, que deverá percorrer por todas as províncias moçambicanas até desaguar, a 25 de Junho próximo, no estádio da Machava, província meridional de Maputo.
Vale lembrar que nos últimos seis meses, as cidades e vilas moçambicanas sofreram severamente com manifestações violentas que eclodiram após as VII eleições presidenciais e legislativas, e das IV para as assembleias provinciais que tiveram lugar em Outubro último.
Caracterizadas por vandalização e saque de bens públicos e privados, convocadas pelo candidato presidencial derrotado, Venâncio Mondlane, as manifestações violentas destruíram o tecido social, económico, religioso e cultural, facto que afectou o funcionamento normal das instituições, bem como de forma indirecta alguns países vizinhos.
As manifestações chegaram ao ponto de paralisarem, por semanas, o normal funcionamento dos portos e aeroportos, incluindo principais postos transfronteiriços de Ressano Garcia, o maior posto que se situa no distrito de Moamba, província meridional de Maputo; e de Machipanda, província central de Manica.
(AIM)
Ac/sg