
O Centro de Estudos Urbanos de Moçambique (CeUrbe) apresentou, publicamente, hoje, em Maputo, o guião de participação política digital, um documento que estará disponível em meiados de Julho próximo.
O guião de participação política digital ora apresentado, consiste num documento que pretende servir de ferramenta prática sobre o uso das plataformas digitais para a cidadania, estando, por isso, estruturado em secções temáticas.
A primeira secção do guião introduz a cidadania digital no contexto moçambicano e outras geografias, seguida pelo capítulo sobre as táticas de mobilização política no mundo digital, que aborda o potencial do ambiente digital para a participaçáo política e, finalmente, o capítulo da ética digital, que aborda boas práticas na materialização da cidadania digital.
A apresentação do guião foi feita pela jurista e activista social, Denise Ivone, que participou na pesquisa e elaboração do documento e destacou que o guião objectiva massificar a cidadania digital, e por isso, foi pensado para todos os estratos sociais:
“O guião procura usar uma linguagem acessível a todos, para que todos participem, independente do seu grau de instrução, sendo um guião explicativo e, nós tentamos esmiuçar termos que se calhar eram mais difíceis. Sabemos que a própria técnica digital apresenta termos fora da nossa linguagem comum, por isso trabalhamos no sentido de evitar que o guião seja um fardo a ser lido e não entendido” disse respondendo a pergunta de jornalistas.
Porque a implementação da cidadania no ambiente digital compreende uso da tecnologia, o evento apresentou um diagnóstico do ecossistema tecnológico em Moçambique, feito por Vasco Novela, que fez saber que os aplicativos são as tipologias tecnológicas mais utilizadas no país, dentro de um global que compreende, também, os websites, códigos USSD, redes sociais e podcasts.
Novela revelou, ainda, que o país debate-se com fragilidades no panorama tecnológico, caracterizado por inclusão digital parcial, sobretudo em zonas rurais onde há dificuldades de integração digital, motivado pela dependência dos USSD, diferentemente das zonas urbanas, onde o público, sobretudo o jovem, desfruta de melhor atendimento através de aplicativos e redes sociais.
Eugénio Macumbe, director da divisão de governação digital no Instituto Nacinal das Tecnologias de Informação e Comunicação (INTIC), órgão responsável pela regulação, supervisão e fiscalização do sector das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em Moçambique, presente no evento, apresentou o quadro legal regulamentar das TIC no país e as iniciativas relacionadas a transformação digital.
Géssica Macamo, directora executiva do Centro de Estudos Urbanos de Moçambique (CeUrbe), revelou que o CeUrbe já treinou, até o momento, 86 jovens em matérias de participação política digital, num espaço de imerção em governação municipal e engajamento comunitário na área metropolitana de Maputo, que compreende os municípios de Maputo, Matola, Matola Rio, Boane e Marracuene, desejando-se expandir a iniciativa a outros quadrantes do país.
O levantamento de plataformas cívicas digitais e o guião de participação política digital acontecem por iniciativa do CeUrbe através do projecto Hub Activista Digital, financiado pelo programa IGUAL, através dos fundos do Reino dos Países Baixos.